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Será? Veja como alguns arquitetos idealizam as cidades do futuro

Grandes pensadores, como Platão e Thomas More, pregavam em seus discursos que para ter uma sociedade melhor era preciso uma organização ética e política bem rígida. Augusto Comte, que viveu entre os séculos XVIII e XIX, já dizia que a “nova era” viria com o avanço da indústria e o domínio do homem sobre a natureza. Eles acreditavam que, desse modo, toda a gente teria abundância e, assim, se estabeleceria a ordem e a paz mundial. Mas, infelizmente, isso não aconteceu.

Pode-se dizer que todo o trabalho realizado pela humanidade, até os dias de hoje, só valeu para maximizar o lucro de algumas empresas e países. Milhões de pessoas e animais estão morrendo, nesse instante, de fome e doenças. Ao mesmo tempo em que a tecnologia avança, a crise ambiental, social e econômica lança um dilema: será que se está seguindo o caminho mais correto? Não é o momento de se repensar o rumo da sociedade? Como devem ser as cidades do futuro?

Cena de ‘Tomorrowland’, um filme do diretor Brad Bird, estrado pelo ator George Cloney. (imagem extraída de Gotcha Movies)

+ A previsão mais pessimista

No mundo das artes, já se especulou bastante sobre como seriam as cidades do futuro. Um exemplo é o filme ‘Metrópolis’, obra de Fritz Lange, de 1927, que apontou um modelo de planejamento urbano baseado em um sistema de classes. Normalmente, os cineastas despertam essas ideias mais pessimistas, prevendo um horizonte negro e aterrador.

Claro que é preciso ser realista sobre a situação do planeta. Muitos têm criticado veemente o modo de vida, os hábitos de consumo e os meios de deslocamento mantidos pelos seres humanos. Mesmo a própria tecnologia pode se desenvolver até o colapso. Por isso, é preciso haver mais investimentos em certos campos de pesquisas, como para as energias renováveis e novas possibilidades de ocupação sustentável em áreas de expansão.

Modelo de design ecológico proposto por Mitchell Joachim. (imagem extraída de Impakter)

+ Os agentes de transformação

Os profissionais terão um papel importante a desempenhar nos próximos anos. O objetivo é criar projetos urbanísticos mais ecológicos, sustentáveis e autossuficientes, que possam contribuir para a geração de espaços democráticos, respondendo melhor às necessidades do homem e da natureza. É através da combinação adequada entre arquitetura e tecnologia que se chega a um modelo ideal, de contribuição positiva à qualidade de vida de todos.

Quase todas as propostas já apresentadas pelos designers soam quase como uma utopia cinematográfica. Mas, essa situação vem mudando consideravelmente. Isso porque o conhecimento científico aumentou, viabilizando, de fato, muitas dessas ideias.

Logo abaixo, podem-se ver alguns exemplos onde se propôs uma troca mais sadia e biologicamente correta entre ambientes e habitantes.

 + A utopia verde de Raimond de Hullu

Modelo de construção ecológica proposto por Raimond de Hullu. (imagem extraída de Voltar a Terra)

Quando se fala no termo utopia urbana, logo isso se remete à ideia de uma civilização ideal, morando em cidades verdes, com muita qualidade de vida. Elas teriam um sistema de gestão eficiente. Buscariam, sempre, soluções para a melhoria do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Poderiam ser definidas como florestas dentro de cidades, completamente autossuficientes em energia e água.

Assim, desse modo, Raimond de Hullu idealizou a sua cidade do futuro. No modelo criado por esse arquiteto, pessoas viveriam em “árvores-céus”. Isso que dizer que, ao invés do modelo comum de habitação, como se conhece atualmente, elas viveriam em edificações construídas com madeira reciclada coberta com vegetação – proteção contra os elementos e efeitos de conservação de energia. Em suas simulações, o projetista mostra um exemplo de edifício, de quatro andares, com janelas de vidros triplos e painéis solares.

+ O sistema proposto pelo Projeto Vênus

Desenho urbano, em forma de mandala, proposto pelo The Venus Project. (imagem extraída de Sky Scraper Page)
Modelos para áreas verdes e edificações em The Venus Project. (imagem extraída de Super Strangeland)

O Projeto Vênus é um plano orientador para a criação de uma nova civilização mundial. É uma visão alternativa para cidades do futuro, baseada num urbanismo mais sustentável e em uma recuperação ambiental do planeta. Expõe todas as novas possibilidades científicas existentes.  Um “redesenho cultural” uniria todas as raças, religiões e ideais, encontrados nas diferentes partes do mundo. O ponto de partida seria um projeto socioeconômico voltado, exclusivamente, para a maximização da qualidade de vida de todos os seres vivos.

+ A “ecotransologia” de Mitchell Joachim

Mitchell Joachin é um jovem professor da Universidade de Nova York e  da European Graduate School. Considerado um líder visionário em design ecológico, já lançou várias propostas conceituais bem provocativas. Chegou a ser considerado como um dos americanos com ideias mais inovadoras pela revista Time e um dos grandes agentes de transformação mundial pela revista Rolling Stone. Tem como parceiro o grupo filantrópico Terreform One – tema de um de seus trabalhos mais conhecidos.

Propostas conceituais de Mitchell Joachin, incluindo áreas de verdes de plantio, dirigíveis e carros dobráveis de neoprene. (imagens extraídas de Tree Hugger e Urban Choreography)

Joachin acredita que as cidades deveriam ser projetadas visando o bem estar das pessoas e não os seus automóveis. Em uma de suas palestras, ele lançou a ideia de integrar meios de transporte e construções orgânicas biodegradáveis para a construção de paisagens urbanas mais atraentes, revolução dos modos de vida e planejamento ambiental das cidades do futuro. Isso foi denominado, mais tarde, pelos ouvintes, de “ecotransologia”.

+ A cidade autosuficiente de Terreform One

A ideia de Mitchell Joachin para a Terreform One é construir uma cidade extremamente inteligente e eficiente quanto à geração de energias renováveis, tratamento de resíduos, produção de alimentos e redução de tráfego automotivo.  Haveria muitas áreas públicas verdes entre os prédios. Elas seriam utilizadas para recreação e plantio. Jardins flutuantes reduziriam o efeito estufa. A filtragem da água das chuvas seria realizada em lagoas artificiais, que também ajudariam na limpeza do ar atmosférico.

Simulação da proposta de Mitchell Joachin para a cidade de Terreform One. (imagem extraída de Archinode)

Todos os elementos construídos seriam feitos a partir de materiais reaproveitados, como plásticos, metais e compostos orgânicos. Os edifícios, de uso misto, seriam interligados, facilitando a circulação dos transeuntes. Em geral, as construções seriam como organismos vivos. Com inspiração em uma técnica milenar, Joachin sugeriu que fosse realizado o controle do crescimento de troncos de certas espécies de vegetais. Assim, criaram-se as novas estruturas para moradias.

Contruções verdes, moldadas em troncos de árvores – proposta de Mitchell Joachin. (imagem extraída de Archinode)

Fontes: Terreform,BBC, Recriar Com Você, Studio Plano Verde, The Venus Project.


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