
Será que no futuro viveremos em cidades flutuantes e sustentáveis?
As previsões dos cientistas para o futuro do planeta Terra são catastróficas. Já estamos vivemos um momento bem delicado, com alterações climáticas extremas. Acredita-se que em menos de um século o nível do mar subirá cerca de um metro. Isso reduzirá bastante as áreas habitadas. Cidades irão desaparecer. E o número de refugiados será enorme.
Devido a isso, a arquitetura tem estado em alerta, buscando encontrar soluções reais e inovadoras para o caso de ocorrer uma grande tragédia. A ideia da construção de cidades flutuantes parece um tanto utópica. Porém, pode ser uma forma inteligente e sustentável de crescimento urbano e de continuidade da vida humana. Mesmo diante da urgência, essa tecnologia ainda está em discussão, mas já existem bons exemplos no papel, que podem servir de inspiração para outras ideias.

A atual tecnologia já permite aos projetistas imaginar como podem ser as futuras cidades. A tendência é que haja a recriação dos espaços urbanos. E talvez isso ocorra em sintonia com os oceanos, já que o design náutico e a construção marítima estão em alto desenvolvimento. Haveria uma preocupação em como esta infraestrutura forneceria uma qualidade de vida tão positiva quanto àquela existente na terra, próxima aos ciclos da natureza. E também precisariam ser analisadas todas as demais condições físicas, técnicas e sociais, além do alto investimento financeiro necessário para por tudo isso em prática.
Ecopolis Lilypad
Essa cidade flutuante, chamada de Lilypad, é um projeto desenvolvido pelo escritório do arquiteto belga Vincent Callebaut. Com objetivo de auxiliar a humanidade a enfrentar essa crise ecológica, de aquecimento global e derretimento das geleiras árticas, o projeto visa proteger possíveis refugiados de cidades praianas dos países do terceiro mundo. A estrutura comportaria cinquenta mil pessoas, em três quilômetros de circunferência. Porém, essa não é uma ideia barata, o que a torna muito difícil de ser executada.

Callebaut imaginou uma estrutura high tech, com forma inspirada na planta vitória-régia. Ela seria composta de fibras de poliéster e dióxido de titânio. Haveria jardins suspensos e três zonas de atividades – trabalho, lazer e serviços; organizadas dentro de montanhas falsas, com cobertura vegetal. Tudo seria interligado por meio de ruas e becos; e organizado ao redor de uma lagoa central. Ela serviria para capturar, armazenar e purificar a água das chuvas ou para a dessalinização da água do mar.
O sistema de funcionamento da cidade seria todo computadorizado. Acredita-se que Lilypad pudesse ser uma cidade flutuante sustentável. Ela teria emissão zero de carbono, energia renovável e os resíduos gerados reciclados. Há, também, um planejamento para a dissipação do vento e controle da força da gravidade, através de um conjunto de cabos de aço presos à sua estrutura. Eventualmente, essa cidade poderia se ligar ao continente, mas a ideia é que a população fosse deslocada para a terra através do uso de barcos.
NOAH

NOAH é uma sigla para ‘Habitat Arco Lógico de Nova Orleans’. A ideia para esse projeto surgiu depois da passagem do furacão Katrina nos Estados Unidos, em 2005. O objetivo dos projetistas era encontrar uma forma de deixar a população local a salvo da ação de futuras tempestades. E essa cidade flutuante foi pensada não só para ser à prova de furacões como também ser um exemplo de sustentabilidade.
A estrutura, em forma piramidal, teria trezentos e sessenta metros de altura. Sua área total seria dividida em vinte mil residências, cem mil metros quadrados de área comercial, além de escolas, hospital e cassinos. No total, haveria espaço para quarenta mil pessoas e oito mil carros. E o funcionamento dessas áreas só seria possível através do uso de energia renovável. A NOAH contaria com painéis solares, turbinas eólicas e um sistema utilizando as janelas envidraçadas do seu plano exterior.
City of Mériens

Inspirado na obra ‘Vinte Mil Léguas Submarinas’, de Jules Verne, o arquiteto francês Jacques Rougerie, especialista em projetos marinhos, idealizou a City of Mériens. Essa cidade flutuante serviria como uma espécie de centro de pesquisas, para cientistas de todo o mundo. Funcionaria de forma autônoma, com energia provinda dos oceanos – da força das marés – e também através da luz solar. Na teoria, não se produziria resíduo algum.
No formato de uma raia manta, a estrutura da City of Mériens teria um quilômetro de comprimento e quinhentos metros de largura. Sua capacidade seria para até sete mil pessoas, além das suas pequenas embarcações, que serviriam para as pesquisas oceanográficas. Todos também teriam à sua disposição salas de aula, biblioteca, dormitórios, áreas para atividades físicas e muito mais.
X SEA TY

Lembrando o sistema estrutural das colmeias de abelhas, que vai crescendo conforme o necessário, a X SEA TY também é uma proposta para cidade flutuante. Diferente dos exemplos anteriores, ela seria composta de vários edifícios, envoltos de uma rica biodiversidade, com fauna e flora. Esse seria o conceito de uma metrópole ideal, onde a tecnologia e a vida humana estariam em harmonia com a natureza.
Todos os volumes seriam construídos em concreto poroso. Suas fachadas teriam paredes vivas, totalmente cobertas por um material fotossintético, num sistema com algas verdadeiras. Elas proporcionariam uma ação bioquímica, onde as partículas de dióxido de carbono seriam transformadas em combustível, que ajudaria a ‘alimentar’ a cidade. A ideia sobre a X SEA TY, portanto, é ser uma construção autossuficiente, afetando, o mínimo possível, a natureza.
Floating City Macau

Foi pensando nos chineses residentes e turistas ricos que circulam pelo largo de Macau, no sul da China, que a empresa de engenharia CCCC e o escritório AT Design Office elaboraram essa bonita proposta de cidade flutuante. A ideia era encontrar um meio de ampliar as áreas habitadas no território, ao mesmo tempo em que o nível das águas dos oceanos subisse. E o meio encontrado foi através desse complexo de edifícios, constituídos por módulos hexagonais pré-fabricados e somando uma área total de quase dez quilômetros quadrados.
Esta ilha, assim como as outras propostas anteriores, também seria autossustentável. Os espaços verticais, acima da superfície, abrigariam fazendas, jardins, áreas de lazer e de plantio, para produção de alimento. Haveria túneis, calçadas e ruas ligando as edificações superiores aos módulos subaquáticos, de residências, empresas e comércios. O sistema de transporte seria baseado no uso de barcos e submarinos, em vez de carros. E, assim como em outras propostas, a Floating City Macau funcionaria com energia limpa, sem geração de carbono.
Fontes: Revista Casa e Jardim, Arq PB, Casa Abril, Arch Daily, Dezeen, Daily Mail.