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Saiba quais são as vantagens e desvantagens das fachadas reflexivas

As cidades estão se transformando. No lugar da arquitetura tradicional, com estruturas e aberturas convencionais, estão surgindo modelos mais ousados e excêntricos, que exploram uma vasta gama de materiais e técnicas construtivas. Muitos edifícios, principalmente os comerciais, apresentam revestimentos de fachadas e fechamentos de vãos completamente espelhados, como as peles de vidro, dando uma visualidade diferente para ruas e avenidas. Mas será que os projetistas estão usando corretamente esses elementos reflexivos?


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(imagem extraída de Metro)

+ O surgimento das fachadas reflexivas

Foi o movimento moderno que mais explorou materiais como o vidro e o espelho na construção civil. O renomado arquiteto Mie van der Rohe promoveu, no passado, as qualidades da transparência na arquitetura. Frank Gehry deu dinamicidade às formas do Museu Guggenheim Bilbao explorando completamente a reflexão das nuvens e do sol na fachada brilhante. E a consideração de questões como iluminação, luz e sombra, assim como a absorção ou o bloqueio da radiação também inspirou o trabalho de centenas ou milhares de outros artistas, como Louis Kahn.

(imagem extraída de Curbed)

Embora edificações assim tenham aparecido mais frequentemente na Europa, os americanos fizeram dessa a sua marca. Os inúmeros arranha-céus construídos nos Estados Unidos ao longo das últimas décadas serviram de referência para projetos estruturais desenvolvidos no mundo inteiro. As paredes, que antes tinham total função estrutural para as edificações, já não eram os elementos construtivos mais relevantes. O uso do sistema de vigas e pilares permitiu que os prédios recebessem um fechamento muito mais leve, em vidro, por exemplo. Com trabalhos como os de Paul Scheerbart e Bruno Taut, no início do século XX, viu-se o crescimento de uma nova tendência, utilizando mais transparências e reflexões no envelopamento de fachadas.

(imagem extraída de Archtectural Digest)
(imagem extraída de Vidro Impresso)

+ As características visuais das fachadas reflexivas

Os espelhos ou vidros espelhados, quando em fachadas de edifícios, são capazes de criar ilusões visuais verdadeiramente fantásticas. É como se a arquitetura se tornasse invisível no espaço em que é inserida, impactando menos com sua presença, diluída na paisagem. Às vezes, é preciso até que o observador olhe mais de perto para estender sua volumetria. Isso porque o material reflexivo é capaz de captar o traçado circundante; o céu, a natureza e faces de grandes monumentos históricos, ressaltando a diferença entre o antigo e novo. Mas essa solução, empregada em ambientes urbanos, pode promover o caos, duplicando carros, pessoas e tantas outras faces.

(imagem extraída de Panoramio)

+ As características do vidro refletivo

O vidro transparente não é o mais indicado para o fechamento de fachadas, por vários fatores, como a privacidade. Por isso, o mercado lançou, ao longo dos anos, outros tipos de vidros. Existem os vidros refletivos, por exemplo, que são chamados popularmente de espelhados. Há quatro tipos: temperado, laminado, serigrafado e insulado. Eles são produzidos a partir do vidro float, com acréscimo de uma camada metalizada, aplicada nas duas faces das peças. A vantagem desse produto é a capacidade de controlar a entrada de luz e o calor nos interiores, uma questão preocupante em prédios com esse tipo de revestimento.

Os vidros refletivos podem ser aplicados em: fachadas de edifícios residenciais e comerciais; em coberturas; em portas e janelas; em parapeitos de sacadas; etc.

(imagem extraída de Curbed)

+ O uso indiscriminado de fachadas de vidro

“Normalmente são os prédios comerciais que ganham esse tipo de fachada, que chamamos de pele de vidro. Isso se justifica pelo fato de que os empresários querem que o seu negócio esteja associado a um local de imponência.” – Lucília Ortega, gerente de engenharia da construtora Hantei, em reportagem de ND Online.

Muitos projetistas acreditam que fachadas em vidro ou revestidas em materiais espelhados fazem as arquiteturas mais icônicas, mas seu uso indiscriminado em projetos nas mais diferentes partes do globo tem gerado controvérsias entre os especialistas. No hemisfério norte, onde as temperaturas costumam ser mais amenas, até faz mais sentido a construção de volumes de vidro. Agora, no Brasil, principalmente nas regiões ao norte, não deveria ser tão comum assim. Apesar de toda evolução tecnológica, o excesso de vidro não é indicado para o clima país. Na verdade, trata-se mais de modismo, do simples interesse de se transmitir certo status, de uma mania equivocada de copiar as soluções estrangeiras.

(imagem extraída de Pixabay)

“Somos “copistas”. Na Europa, usam muito. Países frios precisam da luz solar para aquecer o ambiente. Em lugares tropicais, o vidro não serve. O material tem de ser complementado com cortina ou persiana para barrar o calor.” – arquiteto Nelson Polzin, em reportagem do jornal O Globo.

“A arquitetura contemporânea é menos de chavões e mais complexa. A preocupação é de não contrastar com o entorno. Se o vidro se ajusta melhor a isso, tudo bem.” – Sérgio Magalhães, Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, em reportagem de O Globo.

(imagem extraída de Pinterest)

+ O arranha-céu que queima seus vizinhos

Apelidado de ‘Walkie Talk’, o 20 Fenchurch é um arranha-céu projetado por Rafael Viñoly – arquiteto uruguaio que, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, disse que no Brasil se constrói muita porcaria. O prédio é conhecido por criar focos de calor tão fortes que são capazes de queimar a pintura de carros estacionados na região. Ele tem 180 metros de altura e tem o volume quase todo envidraçado, apresentando um formato côncavo, que aumenta a reflexão da luz solar em ruas adjacentes. Testes de medição apontaram uma temperatura de solo em torno de 92 grais Celsius – algo inacreditável.

Veja, nos vídeos logo abaixo, todo o estrago causado por esse “pequeno” erro de projeto:

+ Uma arquitetura [NADA] amiga das aves

No Brasil não existem muitos estudos sobre isso, mas especialistas dos Estados Unidos afirmam que centenas de pássaros morrem todos os anos em choques contra edifícios com fachadas reflexivas. Portanto, prédios envidraçados são, sim, um risco vital para os pássaros. Isso porque, infelizmente, seus efeitos ilusórios confundem os animais, que acabam por ver o céu e as nuvens refletidos e ficam sem saber distinguir a imagem da realidade. Acidentes assim podem ser evitados com soluções bem simples. São exemplos:

– Elementos acrescidos às estruturas, como telas;

– Instalação de insulfilme sobre os panos de vidro, que escurecem de acordo com as condições do tempo, reduzindo o reflexo do céu; e

– Lâminas de cobertura UV, padrão invisível aos olhos humanos, mas visível às aves, prevenindo possíveis colisões.

(imagem extraída de Pixabay)

Fontes: InsiderClube do CriadorPelícula Chic BlogArqBacanaO Globo.


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