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Por que os shopping centers estão fechando nos EUA?

O Brasil é o segundo país, na América Latina, que mais constrói shoppings centers todos os anos, ficando atrás apenas do México. Essa tipologia construtiva é uma tendência muito forte inclusive na Europa e na Ásia. Curiosamente, nos Estados Unidos a maior parte dos grandes centros comerciais passou do auge para a decadência rapidamente. Em decorrência de algumas transformações urbanas e econômicas, os empreendimentos mais dirigidos às classes médias estão falindo. Sendo ou não um ciclo natural de qualquer negócio, esse fenômeno já acende um alerta preocupante. Talvez seja o momento dos arquitetos reconsiderarem o papel dos shoppings nas cidades atuais.

(imagens extraídas de Pixabay)

“Quando a classe média dos Estados Unidos cresceu, entre 1945 e 2005, isso se refletiu na compra de carros e na construção de shoppings. A versão latino-americana segue um roteiro parecido” – Nolan Gary, pesquisador urbanístico, em artigo publicado no site CityLab.

+ O surgimento dos shoppings centers

O primeiro shopping center totalmente fechado foi construído em Edina, no estado de Minnesota, no ano de 1956. Depois disso, esse modelo comercial se espalhou pelo mundo todo. Na época, construções assim era a melhor representação da cultura de consumo americana. A ideia inicial dos arquitetos era que os shoppings fossem o núcleo principal dos novos assentamentos urbanos, totalmente vívidos e seguros. No auge do boom imobiliário, entre os anos setenta e oitenta, cerca de 140 centros desses eram construídos todos os anos na América. Mas, 2007 foi o primeiro ano em que nenhum novo shopping foi erguido no país. E agora os especialistas acreditam que até 2030 a metade deles já estará fechada.

“Estamos vivendo um momento de excesso de varejo” – Christopher Zahas, economista americano especializado em imóveis e urbanismo, em reportagem de Folha de São Paulo.

(imagens extraídas de Quartz)
(imagens extraídas de Yelp)

+ Os motivos da morte dos shoppings americanos

São muitas as questões que envolvem os motivos pelo qual alguns shoppings centers americanos estarem fechando. A principal delas é a ampla mudança nos hábitos dos consumidores. Simplesmente, a tecnologia está engolindo o varejo tradicional. As pessoas estão optando por novas formas de viver e adquirir produtos. Os brasileiros, por exemplo, ainda se sentem inseguros em relação às compras online, preferindo mais as lojas físicas. Porém, nos últimos anos, os Estados Unidos registraram um importante crescimento nas vendas em lojas virtuais ou em centros comerciais urbanos com estratégias de atração mais “atípicas”.

(imagens extraídas de Business Insider)

Foram muitos e muitos shoppings centers construídos – erroneamente – em pouquíssimo tempo. O modelo foi repetido igualmente não importando a geografia, a cultura local, ou os gostos e necessidades das comunidades. Eram quase sempre as mesmas franquias e as mesmas arquiteturas genéricas e restritivas. Elas pouco estimulam novas atividades ou o contato interior-exterior. Sem qualquer inovação, essa tipologia, bem gasta, se tornou impopular, deixando os poucos usuários que restaram vulneráveis a ação de assaltantes, gangues e até terroristas.

(imagens extraídas de Diario do Centro do Mundo)
(imagens extraídas de Exame)

+ As difíceis consequências para os varejistas

Em alguns lugares, como no Brasil, o fechamento de shoppings é, quase sempre, o reflexo de uma grave recessão. A falta de demanda de mercado, devida à atual crise financeira, fará com que milhares de locatários desistam de manter espaços em locais como esses. A primeira consequência será o aumento do desemprego no país. Depois, a queda dos preços dos aluguéis e a “de-gentrificação”. Quando a ocupação nos centros comerciais chegar a uma taxa mínima, insustentável para os proprietários, acontecerá o mesmo que houve nos Estados Unidos. Em breve, essas grandes construções não passarão de lixões gigantes ou ruínas fantasmas.

(imagens extraídas de Yazigi São Paulo)

+ Novos programas arquitetônicos para os shoppings centers

“Os melhores shoppings continuam a ter uma boa performance, e os que não estão tão bem vão evoluir” – Kathy Elsesser, co-diretora de varejo e consumo global do Goldman Sachs, em reportagem de Startse.

Os shoppings centers ainda são uma boa ideia, mas que precisa ser reinventada. Há uma série de estratégias de revitalização que projetistas e administradores podem facilmente adotar. Não seria adequado converter essas estruturas em novos usos, ou mesmo demoli-las – isso seria um enorme desperdício. Portanto, para manter os empreendimentos abertos, a melhor alternativa é ampliar a oferta de experiências aos clientes. Deve-se focar nas novas gerações de consumidores, que preferem morar, trabalhar e consumir em espaços híbridos, ou seja, que ofereçam tudo em poucas distâncias. Então, é nesse contexto que surgem os novos programas de necessidades.

Os espaços comerciais precisam “fisgar” melhor seu público-alvo. Uma boa ideia é sempre fazer constantes melhorias estéticas. Também, focar menos em compras de produtos e mais em outras atividades. Têm sido incorporadas em projetos para shoppings, por alguns arquitetos e engenheiros, bibliotecas, hotéis, faculdades, pistas de patinação, cassinos, unidades de escritórios, habitações e mais. O importante para eles é conseguir encontrar a melhor alternativa de incentivar a sobrevivência dos centros comerciais, mudando a forma de atração das pessoas, sem se esquecer do inicial principal, que eram as lojas.

Entenda melhor o porquê do fechamento de tantos shoppings centers nos Estados Unidos assistindo ao vídeo a seguir, uma palestra realizada na TEDxMidAtlantic, em 2017.

FontesABCBBCArchdailyExameStartse.


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