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Para ficar de olho: mobiliário de papelão é tendência e combina com consumo sustentável

Um novo conceito de design, cada vez mais acessível à decoração de interiores, vem ganhando destaque no mercado brasileiro: a criação de peças em papelão. Esse material pouco valorizado, geralmente, é utilizado apenas para embalar objetos, indo quase sempre para o lixo. Acontece que ele poderia ser um excelente aliado daqueles profissionais que desejam quebrar paradigmas, criando obras diferentes, sustentáveis e ao mesmo tempo funcionais.


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(imagem extraída de Live Internet)

+ A primeira coleção em papelão

É possível, sim, empregar o papelão em artigos para o lar. Quem provou isso foi o renomado arquiteto Frank Gehry entre as décadas de 1960 e 1970. A ideia de explorar um material comum, produzido industrialmente, estava em voga na época. Também se queria encontrar meios de criar peças mais econômicas, leves e fáceis de serem transportadas, empilhadas, desmontadas ou até dobradas. O papelão era, então, uma das soluções possíveis e disponíveis, além de eco-friendly.

O primeiro experimento de Gehry foi com a cadeira Wiggle. Mas, a primeira coleção desenhada por ele e produzida foi a Easy Edges, em 1972. Eram 14 peças de linhas curvas, que exploravam as qualidades do papelão ondulado de força bastante expressiva. Com o passar dos anos, essa tecnologia evoluiu, o material pôde ser produzido em lâminas mais finas, com maior resistência e maleabilidade. Então, os projetistas puderam também criar peças com formas muito mais ousadas, como nunca antes imaginadas.

(imagens extraídas de Andrea Velame e Benpowerscreative)
(imagem extraída de Ame Arquitetura)

+ O papelão na decoração de interiores

No início, o papelão era visto, em feiras de design e de tendências pelo mundo, como uma matéria-prima exclusiva da fabricação de itens temporários para eventos, como festas, jantares corporativos ou produções artísticas. Depois, profissionais como Frank Gehry, Henry Pilcher e KubeDesign, começaram a apresentar ideias inovadoras empregando esse material também na decoração de ambientes, tanto simples como sofisticados.

Hoje, já podem ser vistos, para vender no mercado, mesas, cômodas, cadeiras, escrivaninhas e muitos outros móveis e utensílios de cartonagem.

(imagens extraídas de Mais Equilibrio e The Gadgetflow)

No Brasil, a pioneira na comercialização de produtos em papelão é a marca 100t, com cerca de vinte itens disponíveis. Já no âmbito internacional, a Cartone se destaca. Ela tem uma lista muito variada de peças, tanto para adultos quanto para crianças, todas feitas com matéria-prima certificada pela FSC – Forest Stewardship Council. Enquanto outras empresas desenvolvem produtos com fibras de celulose virgem, ela é a única a utilizar material reciclado em seu processo de fabricação.

Por serem considerados sustentáveis, móveis em papelão têm sido cada vez mais desejados, principalmente pelo público “alternativo”, entre 25 e 35 anos. Essa faixa etária costuma enxergar o mundo diferente. Eles desejam uma vida mais simples, sem desperdícios e produtos que agridam menos o meio ambiente. Esse é o conceito de compra inteligente, que, em breve, atingirá todas as classes econômicas e sociais.

(imagens extraídas de Pinterest e Pinterest)
(imagem extraída de Blog Ekostyl)

+ Características dos produtos em papelão

Os móveis fabricados em papelão costumam ser bonitos. Geralmente, eles são leves e macios, embora robustos. Quase todos os projetistas optam por uma linguagem mais formal quando se trata desse material, mas, de todo modo, suas criações acabam sempre práticas e de visual despojado. O maior desafio é tornar os desenhos dos produtos mais ergonômicos e o acabamento das peças mais satisfatório, um verdadeiro exercício de criatividade. A maior vantagem do papelão é que ele pode ser facilmente customizado com aplicação de tinta spray, papel contact, tecido adesivo e mais.

Outras vantagens dos móveis em papelão:

– Design único, inteligente, aliando o cuidado artesanal com a eficiência industrial;

– Baixo custo de fabricação e preços de compra acessíveis;

– Ocupar pouco espaço;

– Ser versátil – muitos deles podem ser desmontados, facilitando seu armazenamento e transporte;

– Ser biodegradável, diminuindo a produção de resíduos e, consequentemente, apresentando baixo impacto ambiental.

(imagens extraídas de Inhabitat e Kathyn Tyler)

+ Fabricação e manutenção das peças

As fábricas moveleiras têm optado por utilizar lâminas de papel craft de alta gramatura, sobrepostas em camadas ou o papelão corrugado, formando volumes, para a criação de certas peças tridimensionais. Diversas técnicas são usadas para a execução desses produtos. Geralmente, não se utiliza grampos ou cola. Os designers apostam mais em soluções com dobraduras e encaixes. Em média, os móveis em papelão têm durabilidade mínima de um ano – em locais cobertos, secos e sendo limpos apenas com aspirador de pó, espanador ou pano seco.

Em geral, os brasileiros gostam de itens que possam durar por uma vida inteira. Só que é sabível que as coisas não podem ser assim. Primeiro, porque itens com tamanha resistência precisariam ser feitos com materiais já em escassez na Terra. Segundo, para que o mercado possa sobreviver, as pessoas precisam consumir. Então, que isso seja feito, pelo menos, de forma consciente e com o menor efeito negativo sobre a natureza. Mesmo com muitas qualidades, ainda há um enorme preconceito em relação aos móveis em papelão. Sua imagem é relacionada com fragilidade. Acontece que isso dependerá totalmente da maneira com que as peças serão manuseadas por seus usuários. Então, ainda vale a pena investir em um item diferente como esse para compor uma decoração mais estilosa.

(imagens extraídas de Tiago Russo em Behance e Pinterest)
(imagem extraída de Homecrux)

Fontes: Folha de São PauloCiclo VivoJornalismo AmbientalG1.


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