
Niemeyer tem legado ameaçado por disputas familiares
Oscar Niemeyer completaria 110 em dezembro deste ano e, além disso, neste mês também fez 5 anos de seu falecimento. Entretanto, ao invés das duas datas serem utilizadas para destacar e relembrar as belíssimas obras de um dos maiores arquitetos de todos os tempos, o que chama atenção é uma intensa batalha familiar que deixa estagnado quase todos trabalhos de Niemeyer.
A dona dos direitos do artista, a Fundação Oscar Niemeyer, está no meio de uma profunda crise financeira e disputa espaço com institutos criados por familiares. A imagem do arquiteto está sendo usada sem autorização em anúncios de diversos ramos.

Com mais de 200 obras espalhadas por 130 cidades de 30 países e dezenas delas consideradas verdadeiros marcos nestes locais (como Brasília e Belo Horizonte, por exemplo), as ideias de Niemeyer estão sendo cada vez mais silenciadas ao invés de enaltecidas. Até mesmo no Rio de Janeiro, muitas disputas judiciais ocorrem, além de estarem paralisadas na prefeitura do município.
Administrado pela neta, o escritório que possui os direitos de seus projetos inacabados estão parados e os motivos são os mesmos: disputas familiares e a crise econômica que o país se encontra, que congelou inúmeras obras públicas. Ainda assim, o escritório trabalha com a esperança de que, em 2018, duas catedrais, uma capela e algumas obras menores caminhem positivamente.
O último grande projeto de Niemeyer foi erguido em Niterói: o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e seu entorno, cuja importância, segundo os críticos, equivale à de conjuntos como a Pampulha, a Bienal em São Paulo e até Brasília.

“Niemeyer representa um momento em que tudo conspirou para uma grande aventura da imaginação no país. Sua melhor arquitetura é flutuante, metafísica, quase extraterrestre. Não quis copiar o Brasil, mas transcendê-lo por dentro”, disse o músico José Miguel Wisnik.
+Futuro próspero
Porém nem tudo são más notícias. Ciro Pirondi, contratado para reformular a Fundação Oscar Niemeyer, vê com bastante otimismo o futuro e enxerga um reviravolta no atual cenário. “Nos próximos anos veremos um renascimento. As universidades das principais cidades, com exceção do Rio, estão fazendo uma autocrítica e percebendo que, sem Oscar, nada de novo próspera”, disse Ciro.
Fonte: O Globo