
Muro de vidro da USP: urbanismo, controvérsias e vandalismo
Em 2017, a USP anunciou que o muro de concreto da raia olímpica seria substituído. O projeto inicial era de instalação de um gradil. Porém, após algumas polêmicas, decidiu-se que seria instalada uma estrutura de alumínio e vidro. No entanto, mesmo antes de estar finalizado, o muro de vidro da USP já sofre ações de vandalismo.

+ Antes do vidro
O muro de concreto anterior foi construído há mais de 20 anos. Ele separava o terreno da USP da Marginal Pinheiros, uma das mais importantes da cidade. Do lado de dentro do muro fica a raia olímpica, inaugurada em 1973 para a prática de remo e canoagem.

Quando foi decidida a demolição do muro, o reitor da Universidade afirmou que ele era incompatível com a cidade moderna. A ideia era mostrar que a USP faz parte da sociedade paulista. Assim, era necessário algo que integrasse a universidade à paisagem urbana.
+ Controvérsias
A história da substituição do muro de concreto virou polêmica e rendeu uma denúncia no Ministério Público. Inicialmente, a proposta era colocar um gradil eletrofundido. A justificativa é que o novo muro acarretaria aumento da poluição sonora e do ar, atrapalhando a prática de esportes no local.
Durante seis meses, foram realizadas medições de material particulado e de ruído no local para comprovar que o muro faz diferença na contenção dessas duas poluições. A solução, então, foi eliminar a ideia do gradil e substituir o concreto por uma estrutura de vidro e alumínio.

Porém, mesmo com o problema das poluições sonora e do ar resolvido pelo vidro, ainda existem outros. Um deles é relacionado às aves da região, que poderiam colidir com o vidro. Anualmente, mais de um bilhão de aves morre dessa forma em áreas urbanas, segundo um levantamento feito nos Estados Unidos. Alguns adesivos foram colados na parte da estrutura que já está pronta, para tentar minimizar a colisão e para orientar as aves.
Aos poucos, a estrutura de vidro está em instalação no local. Vale ressaltar que, de acordo com o projeto, os resíduos da demolição seriam enviados para a reciclagem.
+ O muro de vidro da USP
Os painéis de vidro possuem uma extensão total de 2,2km. As molduras são de alumínio e eles são fixados em uma viga de concreto. Cada painel possui quatro metros de altura, aproximadamente (três metros de vidro e um metro de concreto na base).
O vidro é do tipo temperado, com 10mm de espessura e película de proteção. Quando quebrado, ele se fragmenta e os pedaços menores ficam aderidos na película.

Apesar de ser cinco vezes mais resistente que o vidro comum, ele não é suficiente para resistir a atos de vandalismo. Atualmente, pelo menos 11 painéis já foram quebrados desde a inauguração de parte da estrutura. Até o momento, já foram seis atos de vandalismo, os dois últimos ocorreram no início deste mês. Em abril, dois painéis foram quebrados para que a coluna de alumínio fosse furtada. Atualmente há guardas civis e um segurança privado na vigilância do local. Ainda, a previsão é de que sejam instaladas câmeras de monitoramento. Enquanto isso, espera-se a conscientização e o bom senso da população para que o muro de vidro da USP permaneça inteiro.
Referências: Jornal da USP, Folha de São Paulo, G1, 44Arquitetura.