
Modernismo: 90 anos da urbanização de Weissenhof
Toda guerra provoca grandes mudanças na humanidade. Até a década de 1920, grande parte dos projetistas mundiais seguiam movimentos artísticos como o Art Nouveau. Após a Primeira Grande Guerra, os ideais passaram a ser outros, exigindo uma revisão do conceito de moradia e de construção. Nesta nova fase, de estabelecimento do cânone moderno, a extravagância arquitetônica deixou de ser prioridade. As circunstâncias sociais e a crise econômica transformaram a mentalidade de muitos, criando novos valores. Nas escolas de arte, como a Bauhaus – escola de Design, Artes Plásticas e Arquitetura de vanguarda na Alemanha; orientava-se uma filosofia e prática mais objetivas. Ou seja, conceber pensando em reduzir custos, simplificar tarefas, melhorar condições de vida e estreitar laços com a produção industrial.

+ Weissenhofsiedlung de Stuttgart
Ao redor do mundo, existem muitos bons exemplares de exclusivos empreendimentos residenciais. Mas nenhum pode refletir melhor as transformações sociais e culturais do século vinte quanto Weissenhof. Na Alemanha, existiu uma associação de artesãos, composta por doze empresas e doze personalidades, incluindo nomes como Josef Hoffmann e Joseph Maria Olbrich, que se chamava Deutscher Werkbund. Por encomenda desta, foi realizada, em 1925, uma exposição de arquitetura e construção modernas, patrocinada pela cidade de Stuttgart e com o tema ‘habitação’.
Para Weissenhofsiedlung, desejava-se criar um bairro experimental, abordando desde as questões urbanísticas, passando por arquitetura predial, organização de interiores e criação de mobiliário. Em 1926, a Deutscher Werkbund convidou o arquiteto Mies van der Rohe para organizar o plano diretor do bairro e escolher os arquitetos que iriam participar da sua construção. A ideia era que eles pudessem apresentar, neste local, o resultado de anos de investigações, representando as diferentes vertentes modernas já desenvolvidas. Dos nomes escolhidos por Mies, quase todos pertenciam a um grupo conhecido como Der Ring. Estavam nesta lista nomes importantes para a arquitetura mundial, como Walter Cropius, Le Corbusier e Peter Behrens.


Weissenhof tornou-se, então, uma espécie de vitrine do estilo internacional de arquitetura moderna. Esta era a resposta dos arquitetos às atuais dificuldades de moradia do pós-guerra. Um verdadeiro exemplo de como o homem, daquele período, poderia viver de maneira saudável nas grandes cidades. Mas esta forma de arquitetura foi muito criticada por diversos profissionais e principalmente pelo movimento nazista, que planejava demolir Weissenhof. Muitos diziam que os modelos modernos eram ‘uma vergonha’, ‘como caixas burras’ ou ‘um subúrbio árabe’, devido aos seus ângulos retangulares. Depois de ter sido bombardeado, na Segunda Guerra Mundial, o bairro entrou em decadência, passando, apenas mais recentemente, por um processo de restauração.


+ A colônia de Weissenhof
Foi estabelecida na periferia, no alto de uma colina e com uma belíssima vista da cidade de Stuttgart, a colônia de Weissenhof. Sua urbanização foi apresentada ao público em 1927, através da exposição de arquitetura encomendada pela associação alemã Deutscher Werkbund. No local, reuniram-se arquitetos, empreiteiros e fabricantes para desenvolver residências populares construídas com as mais avançadas tecnologias da época. Foram erguidas vinte e uma edificações, sendo habitações unifamiliares, blocos, habitações geminadas e em fileiras.

Todas as edificações, desenvolvidas neste assentamento habitacional, possuem características em comum. Sua arquitetura é cúbica, com formas geométricas básicas e sem ornamentos. Os edifícios são baixos, com telhados planos e pintura branca. As janelas são de comprimento, formando fachadas livres. Evidenciou-se o funcionalismo, principalmente através das plantas baixas flexíveis. E as técnicas construtivas aplicadas eram inovadoras para a época, como o sistema de pré-fabricação de blocos de concreto.

A arquitetura, desenvolvida em Weissenhof, propunha, visivelmente, uma habitação que era para todos, ou seja, não somente para as elites. Havia a urgência de se reconstruir as tantas cidades que haviam sido devastadas pela guerra. Mas também de superar o ecletismo artístico e estabelecer uma junção dos problemas da vida diária com as facilidades trazidas pelo avanço tecnológico.
O mínimo deveria garantir o máximo. E isto incluía a liberdade. Nos interiores, por exemplo, havia o uso de painéis de parece como divisórias, montados num sistema de construção seca e rápida. Isto permitia uma infinidade de possibilidades de organização do espaço, servindo a todos os tipos de família e suas necessidades.
Fontes: Wikipedia, Archdaily, Site de Stuttgart, Site de Weissenhof, Platform