Se você incluiu o Peru no seu roteiro de mochilão na América do Sul, certamente não irá se arrepender. Quando decidimos fazer o mochilão, Machu Picchu era uma parada obrigatória em nosso roteiro e, antes de conhecê-la, planejamos iniciar o nosso tour por Cusco, uma cidade cheia de história e cultura que nos encantou.
Ao chegar em Cusco, percebemos como o turismo é importante para a cidade e também fonte de renda para boa parte da população. Na tarde em que chegamos, fizemos uma breve visita ao centro histórico para reconhecimento e para comer algo. O tempo todo fomos abordados por guias nas ruas oferecendo pacotes de turismo.
Quando se trata de passeios turísticos em um local onde você não conhece nada nem ninguém é importante procurar uma agência de turismo conhecida e bem recomendada. Felizmente, nós já havíamos nos preparado com antecedência e, antes mesmo de viajar, já tínhamos todo nosso roteiro definido com a Peru Grand Travel que, com certeza, superou nossas expectativas do começo ao fim. É muito importante ter alguém em quem você confia, que preza pela sua segurança e bem estar, e nisso a agência Peru Grand Travel foi nota 10. No momento em que chegamos na cidade, eles já nos esperavam no aeroporto e nos levaram ao hotel para que, com um de nossos guias, pudéssemos revisar todo nosso roteiro, e assim nos programarmos para os próximos dias.
1° dia: City tour (Qoricancha, Sacayhuaman, Qenqo, Tambomachay)
Para começar, é importante saber que para fazer os passeios em Cusco você precisa comprar com antecedência um bilhete com todas as atrações que vão sendo marcadas a cada vez que se visita um lugar. Esse bilhete pode ser comprado em sites de turismo ou com a agência que você contratar. No dia seguinte à nossa chegada, fomos fazer o 1° passeio que se iniciou na Catedral de Cusco, localizada na Plaza de Armas. Foi lá que conhecemos nosso guia Will, o qual nos acompanharia pelos próximos dias, e logo de cara já nos demos bem. Ele, inclusive, arranhava muito bem no português e a comunicação foi bem fácil.
Catedral de Cusco
A Catedral de Cusco foi construída em cima de construções e fundações Incas, e possui estilo europeu (já que foi construída pelos espanhóis em sua vinda para conquistar novas terras na América). Por fora é permitido filmar e tirar fotos, porém, dentro da igreja é proibido. Essa catedral por dentro tem uma imensidão de salas, altares e, principalmente, materiais elaborados em madeira talhada e revestida em ouro, bem como inúmeras pinturas da época. Depois de conhecer a catedral, nosso guia Will nos apresentou uma comida típica comida peruana, chamada Tamal, feito com milho em duas versões: salgado e doce, ambos muito gostosos. Vale a pena experimentar!
Qoricancha
Nossa próxima parada foi o Qoricancha (ou Templo do Sol) que foi um lugar sagrado, construído pelo imperador Inca Pachacuti. Lá era o local de rituais e oferendas ao deus Inti (Sol). Pudemos ver a arquitetura tradicional Inca trapezoidal, com pedras polidas e encaixes harmoniosos ao longo de todo o Templo. Suas paredes eram cobertas de lâminas de ouro, mas, infelizmente, a ganância dos conquistadores espanhóis fez com que retirassem tudo para levar a Europa. Lá ficou claro para nós o quanto a arquitetura/engenharia Inca foi incrível em suas construções, com encaixes sempre perfeitos.
A construção do templo foi bastante abalada por um terremoto que ocorreu em 1650, mas, ainda assim, devido à “tecnologia” inca, ainda é possível observar a perfeição do alinhamento das janelas e paredes dentro do mosteiro. Na parte de fora nos deparamos com lindos jardins, que antigamente eram decorados com objetos grandiosos em forma de animais (por exemplo, a lhama), todos em ouro e obviamente roubados pelos espanhóis.
Sacsayhuaman
Sacsayhuaman é uma fortaleza Inca que hoje está em ruínas. Foi construída com o intuito de defesa contra inimigos e é um sítio arqueológico incrível, um exemplo da arquitetura militar dos Incas. Ela foi construída com gigantescas muralhas de rochas perfeitamente encaixadas, algo tão perfeito que não era necessário o uso de argamassa. Essas pedras chegam a pesar 35 toneladas e é bem difícil imaginar como cada uma delas foi parar ali, sem ter a tecnologia que temos hoje em dia. A explicação para o transporte das pedras é que eram utilizados troncos e cordas de fibra vegetal para poder levá-las de um lugar ao outro.
Uma curiosidade é que Cusco foi construída na liderança do Inca Pachacútec e possui a forma de um Puma quando visto de cima. A cidade representa o corpo e Sacsayhuaman a cabeça, sendo as muralhas, seus dentes. Além disso, sua construção em zigue-zague também faz apologia um raio/relâmpago. Vendo toda essa construção incrível, ficamos admirados tentando imaginar como foi construir tudo aquilo com “tão pouco”.
Qenqo
Este templo é um lugar sagrado dedicado à Pacha Mama (Mãe Terra), com construções puramente incas. Acredita-se que neste lugar eram feitos sacrifícios (principalmente de lhamas) e mumificação, sendo possível andar por caminhos que mais parecem labirintos e cavernas. Na verdade, a palavra Qenqo significa mesmo “labirinto torcido”.
Tambomachay
Tambomachay é um ótimo exemplo de como os Incas já entendiam de engenharia civil e hidráulica. É um Templo de adoração à água, que é captada do topo da montanha através de canais que direcionam a água para as fontes que possuem exatamente a mesma vazão e mesmo nível. Inclusive, já fizeram testes com garrafas e ambas enchem a mesma quantidade ao mesmo tempo.
Ao fim do tour do 1º dia, aproveitamos o tempo livre que tínhamos para conhecer o Mercado San Pedro, que fica no centro de Cusco. O melhor lugar para se comprar souvenirs. Uma parte é até parecida com o Mercadão de São Paulo, com barracas de frutas, chocolates, queijos, pães e outros alimentos típicos da região. Encerramos nosso dia no Centro Cuzco de Arte Nativa com um show de danças típicas e folclóricas, vale a pena para conhecer mais da cultura da cidade.
2º dia (Awanacancha, Vale Sagrado, Pisac, Ollantaytambo)
Awanacancha
Saímos bem cedo para nossa primeira parada, o projeto Awanacancha ou, como minha esposa apelidou, fazendinha das lhamas. Nessa fundação encontramos as cholas, mulheres peruanas trajadas com uma vestimenta colorida tradicional, e pudemos ver elas trabalhando na produção de tecidos e ainda nos ensinaram como fazem para tingir as lãs de forma natural e toda a sua produção artesanal.
A maior dica que poderíamos dar deste passeio é: se puder, fique longe das lhamas! Minha esposa estava toda feliz ao redor delas, dando comida e fazendo carinho quando, de repente, levou uma cusparada na cara! Parece engraçado (e é!) mas o cheiro do cuspe é terrível.
Cuspidas à parte, foi nessa parada que também descobrimos as diferentes espécies de batata e milho, alimentos base da agricultura da região. No caminho para Pisac, visitamos o tão esperado Vale Sagrado.
Vale Sagrado
Um dos passeios mais procurados pelos viajantes, o Vale Sagrado dos Incas. No seu roteiro estão incluídas paradas em Pisac, Ollantaytambo e Chinchero. O Vale Sagrado tem diversos rios que descem por vales e compõe uma paisagem incrível, sendo o principal deles o rio Urubamba. Ele tem esse nome pois na época das chuvas, a água escorria pelos rios e levava minerais para o centro onde passa o rio principal, deixando assim, a terra fértil, favorecendo o plantio do milho, alimento sagrado para o povo. Pelo Vale Sagrado iniciamos nosso passeio por diversos sítios arqueológicos.
Pisac
As ruínas de Pisac ficam no alto de uma montanha, com uma vista incrível e muita história envolvida. Além de ter significado religioso, Pisac era um laboratório agrícola onde em cada terraça era plantado um determinado alimento para simular diferentes micro climas e identificar as condições ideais de plantio para diversos produtos agrícolas. Vale ressaltar que todas essas terraças possuem um incrível sistema de drenagem para regar e também evitar a erosão dos platôs.
Além disso, Pisac havia sido local de observatório astronômico. Antes de seguir viagem para a nossa próxima parada, experimentamos na saída outra comida típica chamada Choclo com queso, uma espécie de milho gigante (nada parecido com o milho do Brasil) com um pedaço de queijo (parece muito o queijo minas) e um pouco de sal. Totalmente aprovado!
Ollantaytambo
Após a parada para o almoço, onde tivemos a oportunidade de degustar comidas rico buffet de comidas típicas e também a bebida Chicha Morada, muito comum na região, seguimos para Ollantaytambo, que fica a 80 km de Cusco e 40 km antes de Machu Picchu, e é mais uma construção Inca incrível. Conhecida também como “cidade Inca viva”, tem esse nome por ter muitos moradores descendentes do povo Inca original.
Esse sítio arqueológico é uma verdadeira obra monumental, legado do império de Pachacútec e construída em 1438. Tinha a finalidade agrícola, administrativa, religiosa e militar, chamada também de Fortaleza devido a seus enormes muros, localizado estrategicamente para dominar o Vale Sagrado dos Incas.
Para fechar os passeios do dia, nossos guias pararam em uma barraca na estrada que vendia uma bebida típica que tínhamos ouvido falar, chamada Frutillada, um refresco à base de milho roxo (maiz morado), fermentado por alguns dias, fervido com especiarias e outras frutas adoçado. Não me agradou, muito mas vale degustar!
3º e 4° dia (Machu Picchu)
Após conhecermos diversos pontos turísticos de Cusco, continuamos nossa jornada rumo a tão esperada Machu Picchu. O acesso é feito apenas por trem, e escolhemos a Inca Rail como companhia para fazer o trajeto. A viagem até Águas Calientes, ou, como é chamada atualmente, Machu Picchu Pueblo, é encantadora, cheia de paisagens incríveis a bordo do Inca Rail 1ª class, que tinha um atendimento excepcional. Aproveite e veja aqui como foi essa experiência.
Chegando em Águas Calientes, fomos recebidos pela equipe do Hotel Sumaq onde nos hospedamos (sobre o qual já relatamos nossa estadia). O hotel era localizado aos pés do rio Urubamba e tinha uma vista maravilhosa para as montanhas. Aproveitamos esse primeiro dia para descansar, pois no dia seguinte iríamos conhecer a misteriosa Machu Picchu.
Subindo a montanha
Poderíamos ter escolhido chegar a Machu Picchu do jeito mais fácil: um ônibus que levava aproximadamente 30 minutos de uma subida intensa para chegar ao destino. Mas, o gran finale de nossa viagem era de um jeito não tão fácil assim: chegar a Machu Picchu pela trilha Inca curta original e adentrá-la pela Porta do Sol.
Iniciamos nossa trilha bem cedo, às 05h00 da manhã após tomarmos um café da manhã bem reforçado. A partir do km 106 a caminhada era repleta de subidas e degraus intermináveis, sendo aproximadamente 20 km percorridos em 8 horas (até que não demoramos tanto). Tudo foi muito mais difícil do que imaginávamos, mas a vista compensou cada gota de suor e todo o cansaço, ainda mais ao chegar na Porta do Sol (Intipunku), a mais de 2700 m de altitude e ver Machu Picchu bem pequena lá de cima de onde estávamos. A emoção nessa hora é grande, e nos pegamos chorando de tanta emoção por aquela conquista e por estarmos vendo uma das maravilhas do mundo, que era tão incrível quanto havíamos imaginado. A energia daquele lugar não tem igual, indescritível.
No dia seguinte, voltamos novamente a Machu Picchu, porém, dessa vez, de ônibus. Agora, descansados e com mais energia, conhecemos as ruínas da cidade perdida e toda a sua encantadora história. As construções eram todas feitas com inclinação se antevendo aos abalos sísmicos. O significado de Machu Picchu é “Montanha velha” e a sua descoberta e divulgação só ocorreu em 1911, com a expedição do arqueólogo americano Hiram Bingham.
Lima, a capital do Peru
A volta para Cusco foi novamente de Inca Rail, porém, escolhemos o vagão The 360°, que tinha uma vista panorâmica durante toda a viagem. De lá, partimos para o nosso último destino antes de retornar ao Brasil: Lima. Passamos dois dias na cidade, hospedados no Hotel JW Marriott Lima, localizado no coração da cidade, no bairro de Miraflores e com uma vista simplesmente incrível de frente para o mar. Aproveitamos para descansar de toda a aventura, curtir as exclusividades do hotel e do local, visitando parques e restaurantes.
Enfim, depois da nossa saga por alguns dos lugares mais maravilhosos da América do Sul, encerramos nossa viagem, com muitas experiências e memórias únicas, que com certeza levaremos para o resto de nossas vidas.
Agradecimentos
Assim agradecemos a todos os parceiros que nos apoiaram durante a viagem, os quais recomendo que conheçam:
GoPro Brasil – Camera Hero 6 Black
Nordweg – Mochila e acessórios
Marriott – Hospedagem em Lima, Peru
Sumaq Hotel – Hospedagem em Machu Picchu, Peru
SanDisk – Cartões SD para câmera e dispositivos de armazenamento
Western Digital – HD externo para backups de conteúdo
Peru Grand Travel – Agência de turismo especializada, Peru
Inca Rail – Transporte de trem para ida e volta de Machu Picchu, Peru
Easysim4u – Chip para celular com internet ilimitada