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Lista BDA: 3 intervenções artísticas feitas em lugares inusitados

Em meio à paisagem cinza e caótica da maioria das grandes cidades, só a arte é capaz de surpreender as pessoas, servindo como canal de interação, estímulo visual e ferramenta de educação, moldando o humor e a consciência coletiva. Hoje em dia, é comum ver todo tipo de obra, das mais inusitadas às mais simples, estampando paredes, fachadas, pontes, escadas, placas de trânsito, trechos de calçadas, topos de prédios, e em muitos outros trechos da arquitetura e da paisagem. A maioria dos profissionais constrói esses trabalhos sobre uma mensagem. Mas mesmo com poucos elementos – embora emblemáticos – pode se dizer muito.


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(imagem extraída de Archive of the 2017 Venice Biennale)

O Blog da Arquitetura reuniu três modelos diferentes de Street Art onde o diferencial não são as cores, as formas ou as texturas, mas o legado deixado para as próximas gerações.

“É sobre a passagem de humanos na Terra. Nada é para sempre; agora é hora de deixar uma marca” – Lorenzo Quinn, em reportagem de The Art News Paper.

+ Street Art em Veneza, Itália

+ The Golden Tower

No Campo San Vio, à beira do Grande Canal de Veneza, na Itália, uma obra do artista James Lee Byars foi exposta, a pedidos da Fondazione Giuliani e da Galeria Michael Werner, para marcar o lançamento da 57ª Bienal. A Golden Tower tem vinte metros de altura e foi concebida por ele na década de 1970 – exibida primeira vez, na verdade, em Martin-Gropius-Bau, em Berlin. A peça tem uma aparência luxuosa e é o resultado de uma série de estudos conceituais realizados durante sua carreira.  Por fim, ela faz referência à ascensão das civilizações, como um farol brilhante, seguindo até o céu e honrando os deuses.

“James Lee concebeu a torre dourada como um monumento à humanidade. Veneza era tanto sua casa como uma metáfora para o leste encontrando o oeste. Não consigo imaginar um tributo mais apropriado nestes tempos” – Wendy Dunaway, a viúva do artista, em reportagem de Designboom.

(imagem extraída de UR Design Mag)

“O esplendor do ouro insinua o símbolo do sol, mas também se torna um símbolo da iluminação interior, do conhecimento intelectual e da experiência espiritual, um conceito de divindade. Essa é a motivação mais profunda no uso de ouro de James Lee Byars … é o símbolo final da grandeza e do infinito” – Alberto Salvadori, curador da Galeria Michael Werner, em reportagem de Designboom.

+ Support

‘Support’ é o nome da obra desenvolvida por Lorenzo Quinn para a 57ª Bienal de Veneza. Consiste em mãos gigantes de pedra, que foram colocadas submergidas no mar, no Grande Canal da cidade, em posição como se estivessem segurando a fachada do hotel Ca’ Sagredo.  O artista fez a escultura no seu estúdio em Barcelona. Ele usou um antigo método, que envolve a criação de um molde com um modelo de cera. A ideia era chamar a atenção de cientistas, políticos e cidadãos para os efeitos do aquecimento global.

“Eu tenho três filhos, e estou pensando sobre a geração deles e que mundo nós vamos deixar-lhes. Eu estou preocupado, estou muito preocupado” – Lorenzo Quinn, numa coletiva de imprensa, trecho destacada em reportagem de O Estadão.

(imagem extraída de Life Gate)

O problema é que Veneza, além de ser famosa por seus canais e rios, é um dos locais que mais correm risco de sumir no planeta. O constante aumento do nível do mar é uma ameaça. A cada inverno a cidade é inundada para além dos limites considerados normais. A força das ações humanas é, justamente, exposta na obra de Lorenzo. As mãos apoiando a estrutura são nada mais do que uma alusão ao lado criativo e destrutivo que existe dentro de cada um; e a fragilidade dos ambientes construídos diante das forças da natureza.

“Quis esculpir aquelas que são consideradas tecnicamente mais difíceis e desafiadoras partes do corpo humano. As mãos contêm tanto poder… o poder de amar, de odiar, de criar, de destruir” – Lorenzo Quinn, em seu site, trecho destacada em reportagem de Casa Claudia.

 “(…) as mesmas mãos que estão destruindo o mundo, também têm o poder de salvá-lo” – Lorenzo Quinn, em reportagem de Lonely Planet.

+ Street Art em Paris, França

A comediante Ella e o grafiteiro Pitr são um casal frequentador das ruas de Saint-Étienne, localizada na França – onde,  por acaso, vivem. Eles se especializaram em fazer obras de arte pouco convencionais. São murais de larga escala, feitos em fachadas de edifícios, trechos de praças, áreas abandonadas e até sobre telhados. Muitos desses trabalhos lidam com a perspectiva, criando figuras bidimensionais ou tridimensionais, em traços ligeiramente desleixados, minimalistas, que lembram caricaturas em quadrinhos infantis ou em charges de jornais.

(imagem extraída de Pinterest)
(imagem extraída de Balib Art)

Uma de suas obras, localizada na Noruega, chegou a ser considerada como o maior painel artístico do mundo, com 21 mil km². E, mais recentemente, eles criaram uma figura na superfície de uma ponte, em La Valla-En Gier, em Rhone-Alpes. Ela representa os refugiados africanos que se deslocam pelo Mediterrâneo em busca de uma vida melhor na Europa.

(imagem extraída de Pinterest) 
(imagem extraída de Pinterest)

Na capital francesa, Paris, Ella e Pitr também criaram enormes desenhos, principalmente em telhados, espremidos em bordas definidas. A maioria aborda temas relevantes, retratando, por exemplo, grupos de pessoas negligenciados pela sociedade, como sem-teto ou idosos – talvez por isso as cores usadas tenham sido as mais sóbrias. Os artistas elaboraram os projetos, primeiro, fotografando as áreas do alto e medindo todo o espaço. Depois, traçando um esboço, em escala, no chão. Infelizmente, o resultado final só pode ser percebido de cima, das nuvens, ou através de imagens feitas por drones.

Entenda melhor as proporções absurdas dos trabalhos de Ella e Pitr assistindo ao vídeo a abaixo:

+ Street Art em Nova York, Estados Unidos

Em 2016, o Departamento de Transporte da prefeitura de Nova York selecionou alguns artistas, agências publicitárias e organizações comunitárias para participarem de um projeto de embelezamento da cidade, a fim de torná-la mais agradável. Um deles é Andrea von Bujdoss, conhecida também como “Queen Andrea”. Ela ficou responsável pela criação de um mural no asfalto, no triângulo formado pela North Fourth Street, Roebling Street e a Avenue Metropolitan, em Williamsburg. Esse trabalho acabou sendo apenas uma pequena parte de tudo aquilo que o DOT Art previa até então. A ideia era espalhar, o máximo possível, cores pelas ruas, alegrando a vida de quem passasse.

(imagem extraída de New York City Bike Share)
(imagem extraída de Mass Appeal)

O mural de Andrea ficou bastante extenso e colorido. Sua inspiração foi a diversidade e a energia da cidade, além da emoção de se viver nela. A paleta de tons escolhida é bem intensa e se destacou com o uso do grafite. Andrea é uma das artistas mais notáveis do mundo, de estilo muito criativo. Ela é conhecida por elaborar padrões geométricos e mensagens tipográficas em grandes dimensões. E, assim, ela o fez. Quem fizer o trajeto a pé ou de carro no local poderá conferir as inscrições “Hey you” e “Good Day”.

Conheça mais o trabalho de Andreia, seu jeito de trabalhar com o grafite e seu tipo de traço artístico, assistindo ao vídeo a seguir:

FontesCasa VogueO EstadãoCN TravelerIdeia FixaBlog PresenteirosDraw Art.


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