
Lista BDA: 3 intervenções artísticas feitas em lugares inusitados
Em meio à paisagem cinza e caótica da maioria das grandes cidades, só a arte é capaz de surpreender as pessoas, servindo como canal de interação, estímulo visual e ferramenta de educação, moldando o humor e a consciência coletiva. Hoje em dia, é comum ver todo tipo de obra, das mais inusitadas às mais simples, estampando paredes, fachadas, pontes, escadas, placas de trânsito, trechos de calçadas, topos de prédios, e em muitos outros trechos da arquitetura e da paisagem. A maioria dos profissionais constrói esses trabalhos sobre uma mensagem. Mas mesmo com poucos elementos – embora emblemáticos – pode se dizer muito.
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O Blog da Arquitetura reuniu três modelos diferentes de Street Art onde o diferencial não são as cores, as formas ou as texturas, mas o legado deixado para as próximas gerações.
“É sobre a passagem de humanos na Terra. Nada é para sempre; agora é hora de deixar uma marca” – Lorenzo Quinn, em reportagem de The Art News Paper.
+ Street Art em Veneza, Itália
+ The Golden Tower
No Campo San Vio, à beira do Grande Canal de Veneza, na Itália, uma obra do artista James Lee Byars foi exposta, a pedidos da Fondazione Giuliani e da Galeria Michael Werner, para marcar o lançamento da 57ª Bienal. A Golden Tower tem vinte metros de altura e foi concebida por ele na década de 1970 – exibida primeira vez, na verdade, em Martin-Gropius-Bau, em Berlin. A peça tem uma aparência luxuosa e é o resultado de uma série de estudos conceituais realizados durante sua carreira. Por fim, ela faz referência à ascensão das civilizações, como um farol brilhante, seguindo até o céu e honrando os deuses.
“James Lee concebeu a torre dourada como um monumento à humanidade. Veneza era tanto sua casa como uma metáfora para o leste encontrando o oeste. Não consigo imaginar um tributo mais apropriado nestes tempos” – Wendy Dunaway, a viúva do artista, em reportagem de Designboom.

“O esplendor do ouro insinua o símbolo do sol, mas também se torna um símbolo da iluminação interior, do conhecimento intelectual e da experiência espiritual, um conceito de divindade. Essa é a motivação mais profunda no uso de ouro de James Lee Byars … é o símbolo final da grandeza e do infinito” – Alberto Salvadori, curador da Galeria Michael Werner, em reportagem de Designboom.
+ Support
‘Support’ é o nome da obra desenvolvida por Lorenzo Quinn para a 57ª Bienal de Veneza. Consiste em mãos gigantes de pedra, que foram colocadas submergidas no mar, no Grande Canal da cidade, em posição como se estivessem segurando a fachada do hotel Ca’ Sagredo. O artista fez a escultura no seu estúdio em Barcelona. Ele usou um antigo método, que envolve a criação de um molde com um modelo de cera. A ideia era chamar a atenção de cientistas, políticos e cidadãos para os efeitos do aquecimento global.
“Eu tenho três filhos, e estou pensando sobre a geração deles e que mundo nós vamos deixar-lhes. Eu estou preocupado, estou muito preocupado” – Lorenzo Quinn, numa coletiva de imprensa, trecho destacada em reportagem de O Estadão.

O problema é que Veneza, além de ser famosa por seus canais e rios, é um dos locais que mais correm risco de sumir no planeta. O constante aumento do nível do mar é uma ameaça. A cada inverno a cidade é inundada para além dos limites considerados normais. A força das ações humanas é, justamente, exposta na obra de Lorenzo. As mãos apoiando a estrutura são nada mais do que uma alusão ao lado criativo e destrutivo que existe dentro de cada um; e a fragilidade dos ambientes construídos diante das forças da natureza.
“Quis esculpir aquelas que são consideradas tecnicamente mais difíceis e desafiadoras partes do corpo humano. As mãos contêm tanto poder… o poder de amar, de odiar, de criar, de destruir” – Lorenzo Quinn, em seu site, trecho destacada em reportagem de Casa Claudia.
“(…) as mesmas mãos que estão destruindo o mundo, também têm o poder de salvá-lo” – Lorenzo Quinn, em reportagem de Lonely Planet.
+ Street Art em Paris, França
A comediante Ella e o grafiteiro Pitr são um casal frequentador das ruas de Saint-Étienne, localizada na França – onde, por acaso, vivem. Eles se especializaram em fazer obras de arte pouco convencionais. São murais de larga escala, feitos em fachadas de edifícios, trechos de praças, áreas abandonadas e até sobre telhados. Muitos desses trabalhos lidam com a perspectiva, criando figuras bidimensionais ou tridimensionais, em traços ligeiramente desleixados, minimalistas, que lembram caricaturas em quadrinhos infantis ou em charges de jornais.


Uma de suas obras, localizada na Noruega, chegou a ser considerada como o maior painel artístico do mundo, com 21 mil km². E, mais recentemente, eles criaram uma figura na superfície de uma ponte, em La Valla-En Gier, em Rhone-Alpes. Ela representa os refugiados africanos que se deslocam pelo Mediterrâneo em busca de uma vida melhor na Europa.


Na capital francesa, Paris, Ella e Pitr também criaram enormes desenhos, principalmente em telhados, espremidos em bordas definidas. A maioria aborda temas relevantes, retratando, por exemplo, grupos de pessoas negligenciados pela sociedade, como sem-teto ou idosos – talvez por isso as cores usadas tenham sido as mais sóbrias. Os artistas elaboraram os projetos, primeiro, fotografando as áreas do alto e medindo todo o espaço. Depois, traçando um esboço, em escala, no chão. Infelizmente, o resultado final só pode ser percebido de cima, das nuvens, ou através de imagens feitas por drones.
Entenda melhor as proporções absurdas dos trabalhos de Ella e Pitr assistindo ao vídeo a abaixo:
+ Street Art em Nova York, Estados Unidos
Em 2016, o Departamento de Transporte da prefeitura de Nova York selecionou alguns artistas, agências publicitárias e organizações comunitárias para participarem de um projeto de embelezamento da cidade, a fim de torná-la mais agradável. Um deles é Andrea von Bujdoss, conhecida também como “Queen Andrea”. Ela ficou responsável pela criação de um mural no asfalto, no triângulo formado pela North Fourth Street, Roebling Street e a Avenue Metropolitan, em Williamsburg. Esse trabalho acabou sendo apenas uma pequena parte de tudo aquilo que o DOT Art previa até então. A ideia era espalhar, o máximo possível, cores pelas ruas, alegrando a vida de quem passasse.


O mural de Andrea ficou bastante extenso e colorido. Sua inspiração foi a diversidade e a energia da cidade, além da emoção de se viver nela. A paleta de tons escolhida é bem intensa e se destacou com o uso do grafite. Andrea é uma das artistas mais notáveis do mundo, de estilo muito criativo. Ela é conhecida por elaborar padrões geométricos e mensagens tipográficas em grandes dimensões. E, assim, ela o fez. Quem fizer o trajeto a pé ou de carro no local poderá conferir as inscrições “Hey you” e “Good Day”.
Conheça mais o trabalho de Andreia, seu jeito de trabalhar com o grafite e seu tipo de traço artístico, assistindo ao vídeo a seguir:
Fontes: Casa Vogue, O Estadão, CN Traveler, Ideia Fixa, Blog Presenteiros, Draw Art.
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