
Instalação digital projeta céu colorido em igreja gótica na França (e o resultado é lindo)
Parece impossível transformar uma construção do século XVI em um cenário futurista, de tecnologia avançada. Mas, uma expressão artística, totalmente adaptada ao ambiente, pode oferecer essa experiência visual moderna. Utilizando-se de recursos computacionais, o artista Miguel Chevalier construiu, ele mesmo, uma realidade virtual capaz de interagir com um belo exemplar de arquitetura gótica de Paris. Foi durante o evento Nuit Branche, onde artistas locais fazem uma mostra de trabalhos e celebram a história e a cultura da Igreja Saint-Eustache.

+ Sobre a Igreja Saint-Eustache
A Igreja St Eustache, ou L’Église Saint-Eustache, encontra-se em Paris, na França. O atual edifício foi construído entre os anos de 1532 e 1632, substituindo uma antiga igreja paroquial, datada de 1223. Sobreviveu a violações e saques durante a Revolução Francesa, sendo usado, inclusive, como um celeiro. Foi, posteriormente, restaurado. E é, hoje, considerado uma obra-prima da arquitetura gótica mundial.
Local escolhido para comunhão de Louis XIV e para o funeral da mãe de Wolfgang Mozart, a St Eustache possui um interior verdadeiramente celestial. Obras do pintor Peter Paul Rubens ornam suas paredes, entre detalhes renascentistas. Também estão presentes na edificação formas góticas e organizações clássicas. Mas, o que mais impressiona os visitantes são as suas complexas abóbadas nervuradas, há, aproximadamente, trinta metros do chão.

+ Sobre Miguel Chevalier
Miguel Chevalier é um artista plástico muito inovador. Ele é natural do México, mas reside em Paris desde 1985. Depois dos anos setenta, focou seus estudos no desenvolvimento de trabalhos em arte digital, combinando temas naturais e artificiais, como o design ornamental. Mas foi uma de suas últimas obras, intitulada Voutes Célestes ou “abóbadas celestes”, realizada na Igreja St Eustache, que fez seu nome ser reconhecido mundialmente.

+ Voutes Célestes
No teto da Igreja St Eustache, em Paris, Miguel Chevalier colocou em prática um projeto muito interessante. Usando vários projetores, ele sobrepôs diferentes desenhos formando uma rede de constelações digitais. Esses “universos suspensos” se formavam e deformavam em redes sinuosas, sobre molduras de luz coloridas. Colunas e abóbadas do coro, nave central e transeptos, serviram de pano de fundo para essa coreografia dinâmica, vibrante e colorida, que acentuou ainda mais a altura e a leveza desse monumento arquitetônico.


A ideia do artista era, com a criação desse céu imaginário, de constante renovação, contagiar o visitante a mergulhar em uma reflexão sobre o infinito, a energia do espaço, o sentimento e a elevação espiritual. Normalmente, as pessoas costumam apenas caminhar e rezar em St Eustache, mas, com a arte de Chevalier, elas foram convidadas a deitar-se no chão, olhar para cima e apreciar, por completo, a exibição visual.
O trabalho de Miguel Chevalier teve, realmente, um efeito deslumbrante sobre a St Eustache. Entre os padrões apresentados, como se fossem parte de multiversos em outras dimensões, estavam estrelas, formas geométricas e linhas, seguindo a estética da igreja. Trinta e cinco combinações de efeitos de luz e cor foram emitidas como a comunicação que existe entre as células nervosas de um cérebro.


+ Acompanhamento sonoro
A intervenção artística de Chevalier em St Eustache foi acompanhada da belíssima narração musical do organista Baptiste-Florian Marle-Ouvrard. A melodia foi toda ajustada a apresentação visual. Suas improvisações ajudaram a intensificar ainda mais a performance, instigando e inspirando a criatividade dos observadores.


Fontes: The Next Web, This is colossal, Arch Daily, Design Boom.