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Entenda como funciona Arquitetura e Design Open Source

A chegada do século XXI trouxe mais do que novas tecnologias, mas um aumento do individualismo e da propriedade intelectual humana. Foi o momento de novas ideias, que fizeram as pessoas assumirem mais o controle de seus projetos, ‘do it yourself’. E a aliança entre designers, produtores e usuários nas criações foi necessária. Surgiu, então, um movimento conhecido como open source.

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The Bolt House, projeto de Arquitectos Panorama. (imagem de Paper Houses)

+ Sistema de código aberto

A ideia de se manter qualquer sistema em aberto é a democratização do mesmo. O compartilhamento de um processo ou de um modelo vem com o desejo de permitir que outras pessoas reproduzam-no conforme seus desejos e necessidades. E se tratando de open source, ou código aberto, há o incentivo para um novo modelo de mercado, contemplando desde a produção até o comércio e consumo de matérias-primas locais.

Para o design e a arquitetura, este conceito já é aplicado há certo tempo, mesmo no mercado brasileiro. De forma paga ou gratuita, diferentes plataformas propõem a colaboração entre participantes, usuários e arquitetos. Com isso, obtêm-se resultados diferentes e interessantes para o enfrentamento de desafios específicos.

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Mobiliário de Momo Design. (imagem de Studio dLux)

Funciona do seguinte modo: a plataforma, que pode ser um site, oferece o acesso fácil, prático e efetivo a projetos de qualidade. Pode-se escolher uma opção entre diversos trabalhos disponibilizados por um grande número de projetistas. O custo torna-se menor, pois, com esse sistema, são eliminados diversos serviços intermediários, além de outras despesas. E, no final, o benefício garantido é a melhoria das condições de vida humana através da troca de ideias inovadoras e sustentáveis.

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Cadeira Valoví, design de Studio dLuz; Prateleira Itálica, por Soluções Sustentáveis. (imagens de Studio dLuz e Soluções Sustentáveis)

+ Acesso aos arquivos

Não são poucas as empresas que aderiram a ações de expressão open source. Embora algumas pensem que as obras artísticas deveriam ser sempre únicas e irreproduzíveis, outras têm optado por colocar arquivos de seus produtos à disposição na internet. Basta os interessados fazerem o download dos arquivos digitais e adaptar o projeto de acordo com as suas necessidades, fabricando-o ou construindo-o como e onde quiser.

Todos os projetos oferecidos, mesmo de graça, tem uma patente que protege os direitos de propriedade intelectual do criador, ou seja, só podem ser baixados para uso pessoal, podendo haver personalização e readequação dos mesmos a outros contextos. As vantagens para os projetistas é tornar o seu trabalho mais conhecido internacionalmente e ter a disposição um número maior de clientes potenciais.

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Escritório do Greenpeace em Londres – mobiliário design ‘open source’ em Open Desk. (imagem de Open Desk)
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Sketch Chair e Mesa de escritório em Soluções Sustentáveis (imagens de Soluções Sustentáveis)

O surgimento de plataformas como a Open Desk, Wiki House e Paper Houses pode ser o anúncio de uma nova era. A Studio sLux, por exemplo, é uma empresa de arquitetura e design que disponibiliza gratuitamente parte de suas criações para download. Portanto, esse processo substitui a atual lógica de mercado, abrindo boas soluções para diversos problemas, que podem ser facilmente colocadas em prática.

+ Execução dos projetos

Os projetos adquiridos através das plataformas open source são apenas matrizes. Todos os processos estruturais, as instalações e regulamentações precisam ser adaptados. Também é necessário fazer ajustes no programa de necessidades, na tabela de áreas e no memorial descritivo. Nos sites ficam disponibilizados apenas os desenhos de anteprojeto. As etapas executivas são mais caras e complexas. Por isso, recomenda-se que sejam feitas somente por engenheiros e arquitetos contratados à parte.

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Modelo de construção de WikiHouse. (imagem de WikiHouse)

+ Arquitetura mais acessível

Atualmente, existe uma série de iniciativas que se dedicam à difusão de projetos de arquitetura através do sistema open source. Um excelente exemplo é a Architecture for Humanity, organização global que foca seus esforços em encontrar soluções para áreas carentes. Através de redes, como a Open Architecture Network, ela incentiva a partilha de ideias e a comunicação entre profissionais e empreendedores. A ideia é tentar fazer com que eles trabalhem em conjunto para atender pessoas que vivem em regiões de desastres, assentamentos informais ou outra situação de crise.

A arquitetura é sempre única, mas se ela deseja ser mais acessível a todos, então o open source pode ser o único caminho. Projetos de habitação social, por exemplo, estão sendo colocados cada vez mais a domínio público.  A Paper Houses leva, gratuitamente, trabalhos de escritórios renomados para pessoas de classe média. E o escritório ELEMENTAL, do Arquiteto Alejandro Aravena, também disponibiliza quatro de seus projetos ao público.

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The Folk House, projeto de Sporaarchitects. (imagem de Paper Houses)

Aravena ganhou, recentemente, o prêmio Pritzker. Ele apresentou uma excelente proposta arquitetônica, onde habitações populares podem ser utilizadas e adaptadas livremente pelos seus usuários. O profissional defende que não há mais motivos para os governantes negarem o investimento em bons projetos para moradia popular. A liberação de propostas em design e arquitetura através do sistema de código aberto pode transformar cidades inteiras. Basta que haja o impulso necessário para essa realização.

Veja, no vídeo abaixo, um exemplo de empreendimento habitacional utilizando o método da ‘autoconstrução’, onde pessoas comuns constroem suas próprias residências, com base em uma proposta desenvolvida por um projetista e nos materiais disponíveis em tamanho padrão.

Fontes: Arch Daily, Folha de São Paulo, Gazeta do PovoCasa Vogue, Casa Claudia, TEDWiki HousePaper Houses.