O Cataki é um aplicativo que foi lançado em julho de 2017 e tem o objetivo de facilitar a procura por catadores de materiais recicláveis, em diferentes cidades. Hoje, são mais de 300 catadores de 30 cidades cadastrados. Ele ficou conhecido como o “Tinder da Reciclagem”, em que o “match” acontece na ligação entre as pessoas e as empresas interessadas em reciclar com os catadores. A ideia tem dado tão certo que o impacto social e de negócios foi reconhecido no último dia 13 de fevereiro, com o prêmio de inovação do Fórum Netexplo, em Paris.

Com o aplicativo, é possível aumentar a renda dos trabalhadores, facilitar o processo de reciclagem dos materiais, proporcionando também um grande benefício ambiental. O Cataki foi idealizado pelo grafiteiro Mundano, do Pimp My Carroça (projeto que, a partir de diferentes iniciativas, visa tirar os catadores da invisibilidade), a ONG Humanitas 360 e o MIT Brazil Program (MIT – Massachussets Institute of Technology).

Os catadores de materiais recicláveis

De acordo com o estudo “Diagnóstico sobre catadores de resíduos sólidos”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2011, estima-se um número de 400 a 600 mil catadoras e catadores em todo o país, sendo que apenas no estado de São Paulo há quase 80 mil trabalhadores. Isso se explica pelo fato de os grandes centros urbanos apresentarem maior descarte de materiais que podem ser reciclados.

Conforme o Censo de 2010 do IBGE, apenas 38,6% dos catadores declarados apresentam alguma relação contratual de trabalho, seja em cooperativas, ONGs ou associações. Ou seja, 2 em cada 3 catadores trabalham na informalidade.

A importância dos catadores é evidente, inclusive no percentual do lixo reciclado no país, pois estima-se que, dos resíduos sólidos que são reciclados, 90% deles é a partir do trabalho dos catadores. De acordo com o documento “Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e Reutilizável”, do Ipea de 2013, o alumínio e o papelão são os materiais com índice de reaproveitamento mais elevados do país, o que mostra a grande participação dos catadores em todo o processo: 77% e 94%, respectivamente, são os níveis de reciclagem dos dois materiais.

De acordo com o coordenador do projeto, Breno Castro Alves, em entrevista à DW Brasil, por se tratar de uma população vulnerável, o aplicativo foi pensado a partir de um conceito colaborativo sem demandar muita tecnologia e sem barreira de entrada, com a proposição de um contato real entre as pessoas e de reconhecimento aos catadores.

O prêmio

O prêmio do fórum Netexplo é concedido a projetos de impacto social e nos negócios. Dois mil projetos foram avaliados pelo Netexplo, que é um observatório independente de estudos sobre o impacto na tecnologia em projetos voltados à sociedade. E o Cataki, que teve um custo de 160 mil reais, foi uma das 10 inovações selecionadas no fórum.

O diretor associado do Netexplo, Marcus Goddard, informou em entrevista que o aplicativo ajuda o catador a fazer negócio, ter uma renda e reconhecimento. “É uma economia informal paralela que garante a reciclagem de toneladas de lixo no Brasil. Apesar de os catadores serem essenciais, eles não são reconhecidos pelo seu trabalho”.

Referências: DW, Conexão Planeta, Lixo, IPEA – Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e Reutilizável