
Conheça as peculiaridades da arquitetura tradicional japonesa
A arquitetura tradicional japonesa serviu de inspiração para o trabalho de importantes nomes da modernidade, como Frank Lloyd Wright. Seus exemplares possuem características ímpares e são considerados, até hoje, uma parte importante da história e da cultura mundial. Infelizmente, após a Segunda Guerra e a reconstrução de grandes cidades, as edificações clássicas deram lugar a tecnologia dos arranha-céus.
Essas novas edificações até podem apresentar um design mais arrojado, mas seus traços também fazem referência aos modelos antigos. Por que? Devido à admiração e o respeito que os japoneses guardam pelo seu passado. E mesmo que esse estilo pareça quase extinto, ele ainda se preserva em importantes prédios no centro Tóquio, assim como também nas moradias do interior do país.

+ Um pouco da história da arquitetura japonesa
A arquitetura japonesa sofreu influência do clima e da geografia, mas também dos costumes, valores e virtudes de diversos povos, com as inúmeras invasões em seu território ao longo da história. Isso serviu para complementar suas preferências estéticas. Primeiro, com os xintoístas, budistas e outros seguidores de Lao Tsé – filósofo e escritor da Antiga China entre os séculos VII e VIII. Eles construíam templos acima do solo, em toras e vigas de madeira e telhado de sapê.
Até o século IX, as construções japonesas eram muito semelhantes às chinesas, com cores fortes e materiais pesados. Depois disso, gradualmente, seu povo começou a desenvolver suas próprias expressões, optando por materiais mais leves e sem pintura, deixando de lado quase todas as características das construções estrangeiras. Infelizmente, esse quadro mudou com a chegada do século XVI, quando a arquitetura japonesa sofreu uma nova onda de influências, agora baseadas nas expressões artísticas europeias.

+ Características da arquitetura tradicional japonesa
A característica mais marcante da arquitetura tradicional japonesa é a intensa ligação com a natureza. Tudo era projetado para atrair boas energias, garantir conforto e transmitir sensação de harmonia aos seus habitantes.
A maior parte dos elementos cooperava para que a edificação pudesse enfrentar bem as intempéries. Princípios como assimetria, simplicidade e contemplação também eram importantes. Era possível vivenciar os espaços tanto pela estética quanto pelo olhar.

No andar térreo, uma plataforma estreita – a engawa, que lembrava uma varanda – circundava a edificação e fazia com a mesma parecesse intimamente ligada ao seu jardim. As aberturas externas – chamadas de shó-ji – consistiam em estruturas leves, feitas por finas barras de bambu e papel de arroz, inundando os interiores de luz suave e difusa. Elas eram protegidas por um tipo de “persiana de tempestade” – chamada de amado – que selava completamente a casa para a maior segurança e privacidade dos moradores. E o telhado, o elemento mais importante em funcionalidade expressão, fazia um belo contraste entre linhas curvas e retas.
São exemplos de arquitetura tradicional japonesa: antigos santuários shinto, templos budistas, habitações, palácios, castelos, salas de chá e alguns edifícios institucionais, como prefeituras.


+ Materiais e elementos estruturais mais empregados
Além da palha e da argila, a madeira era o material mais utilizado na arquitetura tradicional japonesa. Isso porque, antigamente, as florestas do Japão eram mais densas, cobrindo boa parte do arquipélago. Haviam várias espécies, de excelente qualidade. Então, obviamente, o elemento estrutural mais importante era a coluna em madeira. Depois, as vigas, que eram posicionadas em ângulos retos. Já as paredes eram apenas simples divisórias, não suportando qualquer tipo de carga.
Os beirais – chamados de masu-gumi – eram detalhes bem marcantes. Eles serviam como elementos decorativos, de estabilidade para a forma da edificação e também como proteção contra raios solares e água da chuva. Podiam ser construídos em variadas formas, dependendo do período histórico, assim como os telhados – em empena, ripa ou piramidal. Estes últimos representam um dos elementos mais importante da arquitetura japonesa, tanto em funcionalidade quanto em expressão.


+ Os interiores tradicionais japoneses
Na arquitetura tradicional japonesa, os ambientes eram limpos, claros, arejados e quase ausentes de adornos. A medida humana era base para sua modulação. O piso era coberto pelos tatamis, um tipo de esteira grossa, feita de palha de arroz e junco – cada ambiente era planejado, justamente, para acomodar certo número deles. As paredes eram, geralmente, biombos deslizantes, cobertos com um papel espesso, opaco e resistente – chamados de fusuma. Eles corriam sobre molduras – chamadas de kamoi.
Portanto, as plantas dos interiores japoneses eram bastante flexíveis. Todos os ambientes podiam ser reconfigurados rapidamente, só com o deslocamento dos biombos. A textura dos materiais naturais é que ressaltava a beleza visual dos espaços. Os tons neutros, como o branco, o verde e o cinza-prata, eram predominantes. O vermelho só era visto nas edificações mais ricas. Só havia alguns poucos elementos decorados. Suas pinturas faziam relação com à natureza, os animais, à mitologia ou à caligrafia.


No vídeo a seguir, é possível compreender um pouco mais da cultura japonesa e da influência da sua arquitetura tradicional na vida da civilização contemporânea:
Fontes: Fórum das Artes, Danjou, ebah.
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