
Conheça as particularidades da Japan House de São Paulo, projeto do famoso Kengo Kuma
Recentemente, pela iniciativa do governo japonês, a cidade de São Paulo ganhou uma nova atração turística: a Japan House, localizada próxima à Praça Oswaldo Cruz, na Avenida Paulista. Ela é mais do que um incrível espaço cultural é uma obra prima do famoso arquiteto Kengo Kuma, responsável pelo projeto do estádio dos Jogos Olímpicos de Tóquio – aliás, esse é seu primeiro projeto em terras brasileiras, e foi realizado em parceria com o escritório FGMF. O edifício é uma combinação perfeita entre a tradição milenar de seu país com materiais contemporâneos. Trata-se de um design arrojado, que contrasta, de forma sutil, com os arranha-céus espelhados ao redor. Confira mais detalhes no post a seguir!

+ A iniciativa do governo japonês no Brasil
São Paulo é a cidade com maior concentração de japoneses e descendentes fora do Japão. Sua avenida principal, a Paulista, é multifuncional. Nesse eixo, há vários espaços culturais bem consolidados, como o Centro Fiesp, o Itaú e o MASP. Por isso, esse foi o endereço escolhido para a primeira de muitas Japan Houses que deverão ser construídas ao redor do mundo. Tanto que, na sequência, já estão previstas outras unidades como essa em Londres e Los Angeles – projetos de Masamichi Katayama e Junji Tanigawa, respectivamente.
Portanto, não é uma iniciativa isolada, mas global do governo japonês para aprofundar relações entre culturas. O objetivo do projeto é “lançar um novo olhar sobre o Japão contemporâneo”. As Japan Houses devem combinar arte, tecnologia e negócios para informar aos visitantes como é a atual cultura e economia desse país. Assim, será mais estimulada a compreensão e a apreciação profunda acerca desse povo. Também é uma boa oportunidade, para ambas as partes, de atrair e difundir conhecimentos.

“Os brasileiros conhecem nossa personalidade como nenhum outro povo no mundo. Estabelecer um mecanismo de divulgação do Japão aqui pode criar efeito em toda a América do Sul.” – Takahiro Nakamae, cônsul-geral, em reportagem de Veja.

+ A implantação da Japan House de São Paulo
A Japan House de São Paulo foi implantada em uma estrutura já existente – um antigo edifício que abrigava uma agência bancária; o que impôs limites ao desenho arquitetônico de Kengo Kuma. Adequando ao programa e às infraestruturas necessárias, o prédio sofreu uma transformação completa. Começando pela conexão entre pavimentos. Foi preciso fazer um rasgo nas lajes para criar uma nova circulação vertical, incluindo escada, elevador e rampa de acesso. Acompanhando tudo isso, um reforço estrutural com elementos em metal e fibra de carbono.
Para a fachada, o arquiteto conseguiu alcançar um efeito impactante. A ideia era, de fato, atrair as pessoas para o interior do edifício. Kengo Kuma pensou em não agredir a paisagem local. Ele também fugiu de qualquer estereótipo de que se pode pensar da arquitetura oriental. Desconstruiu qualquer imagem caricata que o povo brasileiro possa ter do japonês. E acabou combinando tradição e modernidade, técnicas nipônicas e regionais, para fazer de sua obra um diálogo perfeito entre duas culturas.
(imagens extraídas de ArcoWeb)
+ Os elementos de fachada escolhidos por Kengo Kuma
O detalhe mais chamativo da fachada da Japan House de São Paulo é a cortina de réguas de madeira, inspirada no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, desenhado por Sutemi Horiguchi. As 630 lâminas de hinoki – uma espécie de pinheiro nativo da província de Gifu – formam um lindo quebra-cabeça, que foi montado por cinco artesãos especialistas na técnica de encaixe. Esta cobertura de fachada funciona tanto como elemento plástico quanto de proteção solar, como se fosse um brise.
“Minha intenção era mostrar a possibilidade do uso de material natural em uma cidade grande.”– Kengo Kuma, em reportagem de Galeria da Arquitetura.

A ligação entre a cultura japonesa e a brasileira fica por conta do diálogo entre as peças em madeira e os pequenos elementos vazados de concreto. Os cobogós são muito comuns na arquitetura brasileira desde a década de 1930, com o período modernista. No projeto de Kengo Kuma eles aparecem como uma segunda pele na entrada principal do edifício – um pátio isolado, atrás da calçada. Como são vazadas, as peças permitem uma passagem da ventilação e luz naturais, sem afetar os interiores dos edifícios, que podem receber funções diferentes sem qualquer problema.

+ Os interiores multiusos da Japan House
Os interiores apresentam um estilo minimalista. A ideia do arquiteto é que nenhum detalhe visual disputasse a atenção com as obras expostas. É como um “cubo branco”. Existem, portanto, pouquíssimos elementos definidores. Os espaços são multiusos. Eles servem para receber exposições, workshops, conferências e outros eventos culturais. Também há uma loja de varejo, uma cafeteria e um restaurante.
São 2500 m² distribuídos em três andares. Cada setor pode ser dividido, se necessário, por portas retráteis translúcidas, feitas em papel washii. Outros materiais construtivos e revestimentos escolhidos também são naturais. Além disso, o edifício apresenta boas soluções de sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, como a geração de energia renovável.


“A Japan House pretende ser um local flexível e diversificado, dinâmico e ativo. Não é apenas um edifício com diversas atividades, nosso objetivo é que seja um local de criação de novas ideias e estabelecimento de novas relações.” – Naoto Nakahara, Diretor de Comunicação do Ministério das Relações Exteriores do Japão, em reportagem de Casa Claudia.

Imagem de Capa: ArcoWEb. |Fontes: Archdaily, Arcoweb, Design Boom, Casa Claudia, AEC Web, Historia das Artes.
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