
Conheça as curiosidades de um dos prédios mais estreitos do mundo, em NY
Há séculos, os planos de urbanização para Nova York têm imposto à Manhattan um sistema rígido de grelha, que definiu suas vias, quadras, parques e outros espaços residuais. Alguns são tão pequenos que se tornaram um desafio arquitetônico. Esse é o caso do Flatiron Building, um prédio comercial que virou um dos pontos turísticos mais famosos e visitados na cidade. É uma obra icônica, que chama a atenção por seu formato totalmente diferente, uma consequência do parcelamento de solo. Também é, atualmente, o prédio mais antigo da região, já que os seus antecessores foram demolidos para dar lugar a modelos mais modernos.

+ Entre a Quinta Avenida e a Broadway
O tão elegante Flatiron Building, originalmente chamado de Fuller Building, está localizado na 175 Fifth Avenue. É difícil de acreditar, mas quando foi construído, em 1902, era um dos prédios mais altos do mundo, chamado até de arranha-céu. Isso parece estranho, se pensar que ele tem apenas noventa e três metros, ou vinte e um andares. Mas, o motivo dele chamar tanta à atenção de todos, inclusive aparecendo em obras aclamadas da televisão e do cinema, é pelo seu formato, muito mais estreito que o comum.

+ A construção do Flatiron Building
O Flatiron Building começou a ser construído em 1901, período da era industrial em que muitos arranha-céus começavam a ser erguidos em Nova York. Esse prédio foi uma encomenda do promotor George A. Fuller, que tinha como objetivo fazer desse a sede da sua empresa, a Fuller Construction Company. Ele designou o trabalho de projetar o edifício ao brilhante arquiteto Daniel Burnham, da Daniel H. Burnham & Company – responsável por projetos de edifícios famosos em Washington e Londres.
Na verdade, o esforço de Fuller foi muito além do esperado. O desenvolvimento de arranha-céus em Nova York sempre foi especulativo e, naquele momento, a intenção dos governantes era atrair empresas financeiras e comerciais para alugarem escritórios na região. Isso era incomum na época, mesmo sendo na Wall Street, pois esse era um antigo bairro residencial que ganhava nova orientação, um ideia aceita com bastante resistência pela sociedade.

+ O esqueleto metálico
A estrutura do Flatiron Building possui cerca de três mil e quinhentas toneladas de aço. Esse sistema estrutural foi adotado primeiramente por Chicago, depois de um incidente que quase a destruiu, em 1871. Nos anos seguintes, os estudos de reconstrução para a cidade inspiraram a World Columbian Exposition e também, consequentemente, a construção de arranha-céus em outras capitais de vanguarda, como Nova York.
Com o aço – material imensamente forte – podiam-se montar, muito mais rapidamente, estruturas para edifícios altos. As paredes exteriores, das fachadas, não suportariam cargas. Portanto, poderiam ser preenchidas com janelas de dimensões maiores que o convencional. Esse sistema foi denominado como “parede-cortina”. Foi apenas um dos inúmeros avanços tecnológicos da época, ao lado das ferramentas elétricas, do elevador de Elisha Otis e outros.


O vídeo abaixo apresenta muito mais informações sobre a história do Flatiron Building e seu planejamento estrutural:
+ A Beaux-Arts de Nova York
“Um pedaço de torta (…) o maior perturbador inanimado em Nova York.”– trecho de uma reportagem do New York Tribune, na época da inauguração do Flatiron Building.
O nome ‘Flatiron’ veio da palavra ‘iron’, ou ‘ferro de passar’ em inglês. O prédio foi batizado assim porque o terreno onde foi construído tinha, justamente, esse formato, estreito e fino. Um dos vértices tem, inclusive, um ângulo de vinte e cinco graus. Burnham explorou essa implantação para a criação do volume do edifício. Inevitavelmente, dois dos três lados do edifício convergem em uma curva de apenas dois metros de largura, formando um túnel de vento aerodinâmico ao seu redor.

Para o projeto do Flatiron Building, Daniel se inspirou na bela arquitetura clássica grega, combinada ao renascentismo francês e italiano e às novas técnicas modernas. As três fachadas foram divididas em base – com sólido aspecto do calcário nos andares inferiores; corpo e coroamento – com um belo tom terracota no restante. Tudo foi ricamente ornamentado com desenhos e motivos que lembram os estilos decorativos de referência, reforçando sua beleza e simbólica força visual.


+ Por dentro do Flatiron Building
A planta baixa do andar modelo do Flatiron Building, elaborada por Daniel Burnham, previa uma divisão espacial de paredes oblíquas, contendo vinte pequenos escritórios com portas comunicantes. Esses ambientes são muito difíceis de serem mobiliados com peças modernas. Os de canto são ainda mais estreitos, mas têm uma bela visão panorâmica para o Midtown Manhattan. E há somente um banheiro em cada andar, utilizados exclusivamente por homens ou por mulheres.
Até hoje, o Flatiron Building ainda é um prédio de escritórios. Em todos esses anos, a alteração mais significante realizada foi a troca dos velhos elevadores, que funcionavam com pressão de água e eram lentos. Diferente do Empire State ou do Rockfeller Plaza, esse edifício não está aberto ao público. O visitante pode acessar apenas o saguão de entrada. Nele, há quadros com fotografias históricas, que contam um pouco sobre a construção do prédio. Lá dentro, também se tem uma boa amostra da estrutura e decoração que compõem seus interiores.


Veja, no vídeo logo abaixo, qual é a visão do observador estando no átrio do Flatiron Building, em Nova York:
Fontes: Nova York, Nueva York, Wiki Arquitectura, Arch Daily, NY Times.
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