
Conheça a arquitetura do Museu do Café
O café é um líquido vital para grande parte dos brasileiros. Ele também faz parte daquela pausa no trabalho dos arquitetos. No Brasil, o café já foi um símbolo de desenvolvimento econômico e um produto que dava a seus produtores um status elevado. Certamente, o estado mais lembrado pela produção de café é São Paulo (que era, inclusive, o “café” da política café com leite). Assim, é mais que justo que o Museu do Café fique em São Paulo, especificamente em Santos, contando a eterna história desse grão que é uma paixão nacional e que faz parte do cotidiano de todo mundo. Diante disso, nós, do Blog da Arquitetura, contamos um pouquinho mais sobre a arquitetura do Museu do Café e mostramos por que vale a pena conhecer o local.

+ Bolsa Oficial do Café
O prédio onde funciona o museu foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, exatamente um século após a declaração da Independência do Brasil. Ele fica em Santos, que era a maior praça de café no mundo, e nele funcionava a Bolsa Oficial do Café. Porém, vale destacar que, embora a inauguração do edifício tenha ocorrido em 1922, a Bolsa Oficial do Café foi criada por um decreto federal e começou a funcionar em 1917.

Na década de 1950 aconteceu o último pregão e ele funcionou até 1986 para divulgar a cotação do café no mercado internacional. Fechado após um tempo, o edifício voltou a funcionar em 1998 e é mantido atualmente pela Associação dos Amigos do Café. Em 2009, o local foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Antes disso, ele já era tombado pelo Condepasa (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos) e o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
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+ Arquitetura do Museu do Café
A arquitetura do local faz parte da virada do século XIX e XX e foi financiada pela própria economia do café. Ela é uma mistura de vários movimentos arquitetônicos, o que torna o edifício único. Os estilos que mais predominam são o neoclássico e o barroco.

Logo na entrada há um vitral com o símbolo dos Estados Unidos do Brasil, nome do país na época de inauguração do edifício. Uma curiosidade é que nele há um ramo de café e um de fumo, ambos culturas predominantes na época da Proclamação da República.
A Sala do Pregão
A sala do pregão é um ambiente charmoso onde eram realizadas as negociações de determinação das cotações diárias de café. Nela, há 81 cadeiras, que fazem parte do conjunto de 154 peças do mobiliário. As peças são dispostas em forma octogonal e expressam a hierarquia da bolsa.

Há três pinturas óleo sobre tela de Benedito Calixto (Fundação da Villa de Santos, Porto de Santos em 1822 e O Porto de Santos em 1922) e ainda o vitral A epopeia dos bandeirantes, projetado pelo mesmo artista. É possível fazer um tour virtual pelo local neste link.

Torre do relógio
A torre do Relógio possui, aproximadamente, 40 metros de altura, o que é o dobro da altura do prédio. No topo, há esculturas que representam 4 elementos: a agricultura, o comércio, a indústria e os navegantes.
A lenda de Jacinto
O Jacinto é proveniente de uma lenda de um homem que carregava 5 sacas de 60kg de café. Ninguém sabe exatamente quem ele era ou se esse era o peso mesmo que ele levava nas costas, a única coisa que se sabe ao certo é que ele está presente em alguns cartões postais. Atualmente, sabe-se que o máximo que alguém aguentava carregar era um peso de 120kg de café. Assim, surge a dúvida de as sacas carregadas por Jacinto eram mesmo de 60kg.

Centro de Preservação, Pesquisa e Referência
Onde atualmente funciona o Centro de Preservação, Pesquisa e Referência, no térreo, era onde ficava a Caixa de Liquidação. Ali, os títulos negociados no pregão eram efetivados e pagos posteriormente. As salas e salões no mezanino ocupavam, além da Caixa de Liquidação, a Câmara Sindical de Fundos Públicos e algumas firmas comissionárias.
Sala de classificação
A Sala de Classificação da Bolsa Oficial de Café ficava no segundo andar. Ela era ligada à secretaria por um elevador especial. No resto do andar, localizavam-se firmas exportadoras.
Terceiro andar
O terceiro andar do edifício foi projetado para alocar escritórios intermediários e foi usado como Clube da Bolsa até 1970. Havia ali biblioteca, sala de jogos e um restaurante.

Em São Paulo, o Museu do Café conta a história deste que foi um dos mais importantes itens da economia brasileira e que, ainda hoje, não pode faltar na mesa do brasileiro. Há, ali, também, mais atividades, como exposições, degustação de café aos finais de semana, curso de barista e outros. Os ambientes interativos contribuem para o aprendizado da história local. Com uma arquitetura imponente e marcada de elementos históricos da época, o museu que mostra a valorização da cafeicultura é um ponto turístico de fácil acesso e uma ótima opção de passeio.
Referências: Museu do Café; São Paulo; Grão Gourmet; Guia da Semana.