
Conheça a beleza desses edifícios construídos com madeira (e as vantagens de se utilizar esse material)
A produção de aço e concreto emite uma grande quantidade de carbono na atmosfera. Já a madeira, por outro lado, não pode ser fabricada – ela provém da natureza e, diferente do acontece com outros materiais, enquanto as árvores crescem, elas absorvem CO² e ainda liberam oxigênio. Além disso, quando a madeira é extraída de fonte renovável, é considerada a opção mais ecologicamente correta para a construção civil.
Quem tem dúvidas sobre o que mais poderia impactar o meio ambiente deve lembrar que muitas outras matérias-primas, como o metal, também são limitadas e um dia vão acabar. Então, tudo é questão de cultura. E, claro, uma estrutura em madeira só será sustentável e permanente se for bem feita e as pessoas gostarem.
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+As vantagens
A madeira é versátil, flexível e de fácil trabalhabilidade. Dependendo de como for elaborado o projeto, uma estrutura feita neste material pode ser tão resistente quanto em aço ou concreto. Sua construção será menos poluente, como foi citado antes, com consumo energético e tempo reduzido – isso quando utilizadas peças pré-fabricadas, como os painéis em CLT, com conectores e elementos de fachada metálicos, por exemplo.
Infelizmente, só alguns profissionais têm consciência disso, já que são poucos os cursos em engenharia e arquitetura que abordam esse tema, por incrível que pareça.
A seguir, apresentamos uma lista com exemplos incríveis de projetos erguidos em madeira, sendo alguns deles, inclusive, classificados como arranha-céus.
+ Edifício da Tamedia
Às margens do Rio Sihl, em Zurique, o renomado arquiteto japonês Shigeru Ban, em parceria com o engenheiro suíço Hermann Blumer, construiu um belíssimo edifício de sete andares para o grupo multimídia Tamedia. A tecnologia empregada é mais avançada do mundo.
Até então, nenhum outro edifício comercial, de tal importância, havia sido construído dessa forma, com peças em madeira encaixadas, sem metal. O resultado foram custos de obra reduzidos, ambientes internos mais agradáveis, total interação interior-exterior, sofisticação e modernidade.


+ Residência Universitária Brock Commons
Em Vancouver, no Canadá, a Universidade de British Columbia inaugurou, recentemente, um edifício habitacional para cerca de quatrocentos estudantes, com cinquenta e três metros de altura e mais de quinze mil metros quadrados de área construída. O projeto foi concebido pelo escritório Acton Ostry Architects, em parceria com a Fast + Epp e o especialista Architekten Hermann Kaufmann.
Sua estrutura é híbrida, combinando uma base em concreto, componentes em madeira maciça ou CLT, vigas pré-fabricadas em aço e outros elementos metálicos.


+ Canopia
O complexo multifuncional Canopia foi idealizado para ser construído em uma área de dezessete mil metros quadrados localizada na cidade de Bordeaux, na França. Sua proposta foi desenvolvida pelo escritório Sou Fujimoto Architects e Laisné Roussel.
A torre residencial terá duzentos apartamentos, distribuídos em cinquenta metros de altura. Também haverá quase quatro mil metros quadrados de unidades comerciais. As coberturas dos volumes edificados serão conectados por passarelas e contarão com jardins arborizados, compoteiras e reservatórios para coleta de água da chuva.
A matéria prima para composição de toda a estrutura será, principalmente, a madeira de abeto castanho e de pinheiro.

+ Edifício Haut
O Haut será erguido em Amsterdã, na Holanda. Ele terá vinte e um andares e cinquenta e cinco apartamentos, se destacando na paisagem de construções predominantemente baixas da cidade. Apesar de a estrutura principal vir a ser em madeira, suas fachadas serão cobertas com placas de alumínio. Isso porque os projetistas querem que o edifício seja capaz de transformar a luz solar incidente em energia elétrica.
+ Complexo HoHo
A Torre Norte do Complexo Hoho para Viena, na Áustria, será especial. Suas unidades de apartamentos, escritórios, hotel e restaurante não serão o maior destaque. Na verdade, é porque esse edifício será um dos mais altos do mundo construídos em madeira, mais precisamente setenta e seis por cento de sua estrutura. A ideia dos projetistas é, justamente, aproveitar a abundância do material, potencialmente estrutural, disponível no país.
Calcula-se que será possível uma redução de quase três mil toneladas na emissão de CO² do que se o mesmo fosse construído em concreto.


+ Metropol Parasol
O Metropol Parasol – conhecido popularmente como ‘Las Setas de la Encarnación’- é considerado a maior estrutura do mundo construída em madeira. Está localizada em Sevilha, na Espanha, numa região histórica, repleta de exemplares do período clássico e medieval. Justamente por isso, essa obra tornou-se tão polêmica.
A população, a princípio, foi bastante contra a sua construção, alegando que poderia ser uma enorme agressão visual a todo esse entorno antigo edificado. Essa ideia foi de encontro com o objetivo da J. Mayer H. Architects de encontrar um meio de unir, harmonicamente, as belezas do passado com o presente.
“O Metropol Parasol explora o potencial da Plaza de La Encarnación de se tornar o novo centro urbano de Sevilha. A infraestrutura bem desenvolvida ajuda a praça a se ativar, tornando-a um destino atrativo para turistas e para moradores locais”, disseram os projetistas.

Como parte do projeto de revitalização dessa área, a equipe propôs um modelo distinto de “edifício-cobertura”, com cinco mil metros quadrados de área construída, cento e cinquenta metros de comprimento, setenta de largura e vinte e seis de altura. A estrutura ficou dividida em quatro andares. Hoje, ela abriga o Museu Antiquarium (onde há vestígios de escavações arqueológicas romanas e árabes), uma praça elevada, um mercado, um restaurante, bares e terraços panorâmicos.

A estrutura do Metropol Parasol foi feita em aço, concreto e madeira laminada – 3 mil metros cúbicos, cobertos com uma fina camada de poliuretano. Os grandes “cogumelos” foram inspirados nas abóbadas da Catedral de Sevilha e nos fícus da Praça Cristo de Burgos, próximos do local. A obra foi supervisionada pelo engenheiro especialista Jan Peter Koppitz. O jogo de iluminação, resultante da passagem dos raios solares por entre as peças encaixadas, impressiona. Além disso, as cores neutras da estrutura contrastam com as cores fortes das construções vizinhas.
Curiosidade: a Madeira Laminada Cruzada
‘Cross Laminated Timber’ ou CLT é um produto derivado da madeira e foi desenvolvido na Europa, durante a década de 1990. A maior parte de sua produção está concentrada, hoje, na Áustria, onde as florestas de pinheiros são manejadas. Recentemente, passou a ser empregado também nos Estados Unidos, embora ainda haja necessidade de se ampliar as pesquisas e incorporá-lo melhor aos códigos de construção no país.
Alguns arquitetos defendem sua utilização por se tratar de um material forte o suficiente para substituir elementos de aço e concreto, que não pega fogo tão facilmente e que pode tornar qualquer obra mais barata e compatível com o meio ambiente.
“Arquitetos e engenheiros podem ser céticos no início, mas em um tempo muito curto eles vão entender. É simples: são grandes painéis unidos por grandes parafusos.” – Pete McCrone, da empresa Innovative Timber Systems, dos Estados Unidos.
Fontes: Folha de São Paulo, Epoch Times, Swiss Info, Archdaily, Engenharia Civil, Altura Andaimes, Super Interessante.
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