
Como eram as cozinhas no passado
A cozinha é, na maioria das culturas, um ponto social e centro de atividade importante das moradias. É difícil de imaginar, mas este ambiente nem sempre foi o mais atrativo ou o favorito para as famílias. Houve um tempo em que as áreas de estoque e de preparo dos alimentos não eram tão luxuosas, equipadas ou próximas das salas privadas como são agora. Analisando a história da arquitetura, pode-se perceber, de acordo com uma série de fatores, que o layout das residências mudou gradualmente.
Então, quais foram, realmente, os eventos responsáveis por fazer com que as cozinhas se tornassem um lugar tão indispensável para a vida contemporânea? Você sabe dizer?


+ A transformação das cozinhas
De algum modo, as habitações refletem os diferentes aspectos da vida familiar, seus gostos e necessidades, que seguem os valores culturais e a evolução geral de sua comunidade. A transformação do design das cozinhas faz referência, principalmente, às mudanças econômicas, políticas, sociais e tecnológicas. Hoje, elas já são muito mais abertas e integradas com o restante do lar, sendo um ponto de encontro, união e diversão entre moradores e visitantes.
A seguir, você verá, em ordem cronológica, alguns dos momentos da história mundial em que houve uma mudança significativa nos estilos de cozinhas – até os anos sessenta e setenta, quando o interesse pelos afazeres domésticos foi totalmente renovado.

+ Século XII e século XVI
Por volta de 1200, na Europa, a invenção da chaminé transformou as moradias. As pessoas passaram a se reunir, mais frequentemente, em torno de lareiras. Estas estruturas domésticas deixaram os ambientes mais aquecidos e facilitaram o preparo dos alimentos nos interiores. Só que a fumaça e a fuligem, que saíam delas, eram um problema constante. Isso só mudou por volta de 1500, quando um sistema de exaustão foi aprimorado, redirecionando os resíduos para o meio externo.
No Brasil, durante o período colonial – iniciado no século XVI – as cozinhas eram construídas afastadas da edificação principal. Só que o motivo era outro: a falta de água corrente. Potes, panelas e tigelas eram lavados em tachos com água parada. Ou seja, em ambos os casos, a cozinha não parecia ser nenhum bom exemplo de limpeza.

+ Séculos XVIII e XIX
Foi entre os anos de 1800 e 1900 que aconteceram as maiores mudanças no design das cozinhas. Isto porque esse foi um período de importantes avanços tecnológicos. Depois das pesquisas sobre os fenômenos elétricos – por Benjamin Franklin, no século anterior – e da invenção do ferro fundido, surgiram, no mercado, novos utensílios domésticos, como liquidificadores e batedeiras. Mas as inovações trazidas com a Revolução Industrial não param por aí.
Além do carvão, a possibilidade do uso de gás e água encanados impulsionou, radicalmente, o aprimoramento dos ambientes residenciais. As conveniências mudaram a aparência das cozinhas, que passaram a apresentar um formato mais semelhante com a arquitetura dos dias atuais. A rotina de trabalho das cozinheiras ficou, certamente, bem menos complicada – lembrando que naquele tempo, infelizmente, o trabalho de cozinha era exclusivamente feminino, uma ideia depois reforçada pelo cinema americano.


+ Início do século XX
A década de 1900 foi um período importante para a arquitetura de interiores. A integração das cozinhas às casas passou a ser definitiva. Houve também uma mudança considerável no pensamento dos projetistas, que se dedicaram mais a analisar questões de ergonomia, economia e eficiência de recursos incorporados. Os ambientes ficaram mais compactos e os armários, áreas de armazenamento e eletrodomésticos, menores e mais leves. A estética das cozinhas dos anos 1910 e 1920, com menos excessos decorativos, cores claras e de linhas puras, são um exemplo das consequências do pensamento e das vibrações sociais de tensão pré e pós-guerra.

+ Décadas de 1930, 1940 e 1950
Os projetos de design e de arquitetura de interiores sofreram mudanças com o impacto da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Quem sobreviveu aos conflitos e voltou pra casa, desejava ver também, integradas ao seu lar, as novas tecnologias. Para resgatar o otimismo e a alegria dos consumidores, as lojas passaram a vender móveis mais coloridos – verdes, amarelos e castanhos, em maioria – de linhas curvas e acabamentos lisos e brilhantes. As cozinhas, certamente, pareciam muito mais bonitas, silenciosas, limpas, organizadas; e com bom fluxo de circulação e de trabalho.

+ Décadas de 1960 e 1970
Depois dos anos cinquenta, as cozinhas eram mais confortáveis, bem projetadas, decoradas e equipadas. Elas eram um motivo de orgulho para as famílias – tanto que, muitas vezes, passaram a ser integrada às salas de estar e jantar. Eram ambientes amplos, voltados ao entretenimento e ao aperfeiçoamento culinário. Inspirada no movimento artístico pop, mais livre e descontraído, sua decoração costumeira de tons pastéis deu lugar para matizes psicodélicos, neon verde, turquesa e laranja, armários em madeira, metal ou fórmica e estampas com desenhos abstratos.


O vídeo a seguir ilustra como era o trabalho de cozinha de uma dona de casa há mais de 50 anos. Nele é possível ter uma perfeita noção de como esses ambientes eram, incluindo todo o design, funcionamento e finalidade de seus móveis, eletrodomésticos e objetos decorativos:
Fontes: Porch, Apartment Therapy.
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