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Como era o urbanismo das cidades europeias durante o período medieval

A Idade Média é conhecida como o período mais “sombrio” da história humana. Ela ocorreu entre os séculos V e XV d.C., iniciando com a queda do Império Romano do Ocidente e terminando com a chegada da modernidade. Vista por uma perspectiva muito negativa, é chamada também de a “Idade das Trevas”. Esta ideia está, em grande parte, relacionada com o declínio de certas atividades, como as investigações científicas e artísticas. Talvez por esse motivo, muitos pensam que, durante esse tempo, não havia qualquer noção de planejamento urbano por parte das sociedades. Mas isso está incorreto.

(imagem extraída de História do Mundo)

+ O surgimento do sistema feudal

A Idade Média começou, de fato, após a queda de Roma e a formação dos reinos germânicos no Ocidente e as cruzadas contra o Islão. Nesse tempo, o “estado de servidão” começou a surgir e ganhar força. A Igreja Católica passou a ter maior influência entre os governos e também, consequentemente, sobre a arquitetura e a organização das cidades. Essas eram constantemente atacadas e por isso a necessidade da construção de muralhas, principalmente entre os séculos IX e XI.

Havia batalhas a todo tempo. O comércio, então, começou a se desintegrar, os serviços municipais foram abandonados e as cidades regrediram em tamanho e importância. Não tardou para que a maioria da população urbana retornasse à existência rural. Vistas como verdadeiras fortalezas protetoras contra o ataque dos bárbaros, as zonas habitadas na Europa cresciam sobre um novo regime urbano, o do sistema feudal.

(imagem extraída de Sua Cola)

+ A urbanização na Idade Média

As cidades medievais apresentavam uma forte característica no que diz respeito ao seu aspecto físico e geográfico. Por necessidade de defesa, quase sempre, elas eram construídas em locais de difícil acesso, como topos de colinas, ilhas ou imediações de rios, utilizando a altitude e a água como obstáculos para o inimigo – como se fossem acrópoles. Mas, o mais importante, é que todas possuíam uma muralha ao redor, com ruas que partiam de um núcleo central em direção às portas de entrada, de acesso limitado.

Algumas cidades tinham um traço linear. Outras tinham duas avenidas que se atravessavam em forma de cruz. Havia àquelas com só uma rua principal, sendo as secundárias paralelas em sentido oblíquo à primeira; e as que possuíam uma praça aberta no centro, rodeada de edificações importantes, como igrejas e castelos. Sobre o traçado urbano, as cidades medievais podiam assumir três modelos diferentes de plantas: radiocêntrica, irregular ou regular – com quadras retangulares de diferentes tamanhos, ou quadras quadradas, com lados de medidas iguais.

(imagem extraída de El Viejo Bazar)

+ Alta Idade Média

A primeira metade da Idade Média é chamada de Alta Idade Média, que compreende o período entre os séculos V e XI. Nesse tempo, as cidades sofriam um processo de desurbanização e surgia o feudalismo. Elas apresentavam um traçado irregular e tortuoso, quase como se fosse um labirinto. Suas ruas eram estreitas, porém pavimentadas. O cinturão ao redor das edificações principais era algo bem marcante na paisagem. Mas, à medida que o número de instalações e de subúrbios crescia, havia a necessidade de tornar maior também o núcleo principal, além do velho recinto.

Pois essas cidades mais antigas, pertencentes ao período feudal, começaram a se modificar, justamente, quando a dinâmica comercial e a concentração populacional junto das muralhas aumentaram. Nessa fase, surgiram novas funções sociais e econômicas, como dos artesãos das “corporações de ofícios”. Em geral, essas pessoas vinham de áreas ainda mais afastadas, visando a mudança para uma área mais protegida. Perto dos feudos, elas eram abrigadas em bairros novos, chamados de burgos ou arrabaldes.

(imagem extraída de Thing Link)
(imagem extraída de Thing Link)

+ Baixa Idade Média

A segunda metade da Idade Média é chamada de Baixa Idade Média, que compreende o período entre os séculos XI e XV. Nessa fase, houve o renascimento comercial e urbano na Europa. As cidades medievos eram, embora ainda fortificadas, muito mais organizadas, chegando a ter uma população, em média, de 250 a 500 habitantes cada. Seus prédios tinham entre três e quatro andares. E na parte de trás, os pequenos quintais serviam para o cultivo de alimentos e ervas medicinais.

Num ponto de destaque dentro da muralha, geralmente no centro, próximo da área de convívio social e manifestação pública, ficavam os castelos e as catedrais. Estas eram as estruturas mais caras e altas da região, marcando o horizonte da cidade. Ao redor, nas ruas retilíneas, de ângulos retos, ficavam as moradias e os edifícios comerciais. Além disso, havia também o hospital, a hospedaria, o asilo, e o abrigo para inválidos, forasteiros e pobres – uma novidade para a época.

(imagem extraída de IBERGRID)
(imagem extraída de Westero Scraft)

Imagem de capa: extraída de Maringa Post. Fontes: WikipediaBlog GalaazSlide ShareMontalvo e as Ciências do Nosso Tempo.


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