Há cinco questões globais que nenhum arquiteto deve ignorar: as mudanças climáticas, a poluição, os refugiados, a política e o terrorismo. Desde o 11 de Setembro, nenhum lugar parece estar imune. Os ataques tornaram-se mais agressivos, com táticas e locais de segmentação que negam as construções e os espaços tradicionais, tornando tudo e todos mais vulneráveis, impactando a vida cotidiana. Por isso, é imprescindível que os profissionais pensem sobre segurança e incorporação de medidas antiterroristas em seus projetos. Está na hora deles estudarem o que mais podem fazer, onde inovar, para evitar mais tragédias.
+ Um era de ameaças
A nova realidade do mundo é de uma violência sem precedentes. Esta ameaça tem feito os arquitetos e outros criativos pensarem em possíveis soluções de design para combater atos terroristas, e ainda aumentar a segurança dos grandes centros urbanos. Infelizmente, ataques indiscriminados contra lugares públicos não são algo incomum há várias décadas. Nos anos 90, grupos rebeldes usavam carros e caminhões com bombas. Depois, isso foi substituído por pessoas suicidas, tiroteios em massa, e aviões contra edifícios. Agora, o que se vê são pessoas jogando veículos em movimento contra multidões, causando vítimas civis ao nível da rua. Portanto, o ‘modus operandi’ mudou significativamente, e isso é um verdadeiro teste para os projetistas.
+ Arquitetura contra o terror
Os arquitetos precisam dar sua contribuição para reduzir as ameaças terroristas. Claro, isso não é uma tarefa com resultados a curto prazo, nem mesmo facilmente visível aos olhos da população. O reforço na segurança das cidades deve fazer parte de um processo lento e meticuloso de planejamento urbano. Toda e qualquer estratégia precisa garantir também a aceitação política e social, sem deixar de levar em conta questões importantes como estética, inclusão e conforto.
“Arquitetos e outros designers agora estão sendo obrigados a tomar em consideração as medidas de combate ao terrorismo ao projetar edifícios de acesso público e espaços públicos abertos” – Ruth Ree, presidente do Royal Institute of British Architects, em entrevista de DailyMail.
+ Europa e a Arquitetura de Segurança
A Europa tem investido bastante em arquitetura de segurança. Londres lidera, desde 1990, as pesquisas sobre medidas antiterroristas. A cidade recebeu diversas barreiras ocultas e pontos de controle estrategicamente posicionados, principalmente nas zonas financeiras e históricas, como ao redor de Whitehall e do Palácio de Westminster. Um relatório desenvolvido em 2016, na Inglaterra, tem servido de parâmetro para diversos países. A França, por exemplo, está construindo, inclusive, um muro “anti-balístico” transparente e à prova de balas para proteção do seu ponto turístico mais famoso, a Torre Eiffel.
+ O bom design para um mundo ruim
Existem abordagens territoriais bem simples que podem ser adotadas pelos urbanistas para combater o terrorismo – os arquitetos chamam isso de “paisagem invisível”. Podem-se adotar em áreas públicas barreiras de concreto, bollards, cordões defensivos, arte pública, espelhos d’água, e mobiliário urbano anti-hostil para bloquear o acesso de veículos em determinadas áreas, de preferência em pontos de grande concentração de pessoas. Nos edifícios, uma maneira de melhorar sua capacidade de proteção e limitar a vulnerabilidade é através de vidraças anti-explosão e antibalística; de estruturas superfortes, com concreto reforçado com fibras de aço de alta resistência; sistemas de controle de segurança; saídas de emergências; etc.
“A necessidade de produzir edifícios e espaços cada vez mais seguros não deve resultar no desenho de bunkers e bastiões com vitrinas de explosão padronizadas, revestimentos baratos e interiores de baixa especificação. Os edifícios são para o uso de pessoas comuns com perseguições comuns. Não devem se tornar as personagens deprimentes dos cenários do pior caso” – arquitetos John McAslan + Partners, autores do projeto Simon Goode, em entrevista de Independent.
+ Barreiras Verdes
Recentemente, o arquiteto italiano Stefano Boeri – autor de um projeto residencial sustentável em Milão, chamado de ‘Vertical Forest’ – defendeu, em entrevistas à sites, que os espaços públicos deveriam ser redesenhados para incluir barreiras naturais no planejamento urbano. Seu pensamento está relacionado com a ideia de que as pessoas estariam deixando de viver nos lugares coletivos devido ao medo de ataques terrorista. Em resposta, novas praças e potes com flores e árvores poderiam proteger os pedestres e ainda, de quebra, embelezar as cidades.
“Agora designers e cientistas têm a tecnologia para criar barreiras esteticamente agradáveis (…)”, “Como parte disso, você tem coisas como potes de flores inocentes fora de edifícios que são realmente aplicados com concreto e metal para evitar que um caminhão vá sobre eles. Eles estão escondidos e misturados na estética do edifício” – professor Tahir Abbas, pesquisador sênior do Royal United Services Institute, em entrevista de The Guardian.
+ Possíveis desvantagens dos métodos
Em decorrência dos muitos ataques terroristas ocorridos tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, medidas de segurança altamente invasivas foram implantadas em diversos centros urbanos. A maioria não é esteticamente agradável, alterando, de forma muito desagradável, as paisagens. Acontece que é mesmo difícil conseguir equilibrar elementos reativos e proativos contra terrorismo dentro das cidades. Alguns especialistas ainda apontam que se esses elementos e dispositivos, pré-determinados em projetos, não ficarem bem camuflados e sutilmente incorporados na paisagem urbana poderão destruir a vitalidade de cidades, hoje, abertas e acessíveis. Ou seja, proteção em demasia levaria ao isolamento.
+ Bônus
Se você é arquiteto e deseja aprender mais sobre a segurança dos espaços internos e externos, pode consultar o livro ‘Nadel Building Security: Handbook for Architectural Planning and Design’. A obra tem uma abordagem bem abrangente sobre integração de elementos, tecnologia e operações de defesa, principalmente no setor privado.
Fontes: The Local It, Independent, Forbes, City Metric.
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