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Co-living: conheça a tendência das moradias compartilhadas

Com o crescimento acelerado da densidade demográfica, principalmente nas grandes cidades, minimizar espaços e aproveitá-los ao máximo tornou-se algo essencial. Isso faz aumentar a pressão imobiliária, elevando, consideravelmente, o preço dos imóveis. Desse modo, possíveis clientes, como jovens e idosos, não conseguem mais adquirir uma casa regular e ainda manter uma boa qualidade de vida estando em áreas urbanas. Muitos vão buscar, então, novos estilos de moradia, que forneçam inspiração, inovação social e sustentabilidade. E é, justamente, seguindo essa ideia de compartilhamento de experiências e de despesas que se baseia o conceito do ‘co-living’.

Modelo de co-living. (imagem extraída de eoffice)

+ O conceito de moradias compartilhadas

O compartilhamento de ambientes residenciais e comerciais é uma tendência urbana, não muito nova, bem popular nos Estados Unidos e na Europa. É uma forma de viver muito mais acessível e descomplicada. Originou-se nos anos setenta, com um projeto desenvolvido por Sættedammen, na Dinamarca. Depois, no final dos anos oitenta, foi batizado, pelo trabalho do americano Charles Durrett, com o nome de ‘co-housing’. Em ambos os casos, foi incentivado o relacionamento entre usuários através da partilha de espaços e de práticas sustentáveis.

Moradia compartilhada LT Josai, em Nagoya, no Japão. (imagem extraída de Dezeen)
Moradia compartilhada LT Josai, em Nagoya, no Japão. (imagem extraída de Dezeen)

Na realidade, o ‘co-living’ difere-se de repúblicas, casas de repouso ou outros modelos de hospedagem. Lembra muito um sistema de colmeia. As unidades podem ser privadas ou sociais, luxuosas ou básicas, fixas ou temporárias. Podem ser estúdios, pequenos apartamentos ou até mesmo dormitórios coletivos. E a maioria, normalmente, é construída com materiais de baixo impacto ambiental, com sistemas de reaproveitamento de água, energia renovável e muito mais.

Quem habitar um imóvel como esse precisará exercitar a boa vontade e buscar manter sempre uma convivência harmoniosa com seus vizinhos. É como uma grande família colaborativa, que dividirá a maior parte dos espaços, das tarefas básicas, dos suprimentos, dos equipamentos e despesas, como contas de água, luz e gás.

Modelo de co-working. (imagem extraída de Barcelona Navigator por EUD- Urbanismo de Design Empresarial)
Pure House – comunidade de aventureiros e criadores. (imagem extraída de Digital Trends)

+ Áreas compartilhadas e economia colaborativa

No Brasil, a tendência do ‘co-living’ ainda é muito recente. Projetos como a Cohousing Brasil, a Cohousing SP e a Ignitions Mansion vêm incentivando o estilo de vida em comunidade, criando moradias compartilhadas para jovens e idosos. Em Porto Alegre, por exemplo, será lançado muito em breve um empreendimento imobiliário que promete “integrar o viver, o conviver, o trabalhar e o curtir” – o Cine Teatro Presidente. Mas, infelizmente, embora haja muitos estudos de caso em andamento, ainda existem poucos investimentos em projetos como esse no país.

Área de convivência e co-working – Cine Teatro Presidente, em Porto Alegre. (imagem extraída de Wikihaus)

Em âmbito internacional, serviços como a WeLive já estão disponíveis para o uso de ‘co-living’ e também ‘co-working’ – com ambientes de trabalho compartilhados. Geralmente, nesses locais, os moradores cadastrados podem acessar, igualmente, áreas de estar, lavanderia, cozinha, espaço para atividades físicas, jardim e piscina. Isso os obriga a mudar qualquer ideia sobre propriedade, nutrindo o espírito comunitário e estimulando a integração, a colaboração e a socialização.

Modelo de co-living – área de convivência. (imagem extraída de Liga Studios)
Dormitório compartilhado em The Collective Old Oak – Londres, no Reino Unido. (imagem extraída de Curbed)

+ Público-alvo e o mercado imobiliário

O ‘co-living’ pode ser uma excelente alternativa para jovens trabalhadores, empresários, artistas, idosos, solteiros e nômades digitais. Eles não podem manter uma moradia particular, pois isso envolveria altos gastos e pouca socialização, individualização e desperdícios.  Mais econômicas e acessíveis, as moradias compartilhadas propiciam um meio de suprir melhor suas necessidades sociais e de infraestrutura.

Biblioteca em The Collective Old Oak – Londres, no Reino Unido. (imagem extraída de Curbed)
Modelo de co-living – estar compartilhado. (imagem extraída de Sun and Co.)

Para aqueles que não têm medo de novos desafios e estão dispostos a assumirem outros modos de vida, o sistema de ‘co-living’ pode funcionar. Mas, há desvantagens em se aplicar demasiadamente esse modelo de habitação em áreas urbanas. Isso poderá gerar, no futuro, um subarrendamento das unidades, aumentando ainda mais o custo dos imóveis. Então, só o tempo dirá se essa ideia tem condições de prosperar ou não.

Fontes: Dezeen, CoworkaholicSkiftPop Up City, O Estadão, Casa – Abril, O Globo, Wikihaus.