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Barcelona: um alegre passeio no multicolorido Parque Güell

Em uma área de localização privilegiada, com o tamanho de quase dezoito hectares de terra e onde se pode ver o mais bonito pôr-do-sol da Espanha, está o Parque Güell. Este é o projeto urbano de maior escala desenhado por Antoni Gaudí, arquiteto que quebrou diversos paradigmas e tornou-se o expoente máximo do modernismo catalão. Em parceria com o empresário Eusebi Güell, que se tornou seu patrono, Gaudí teve total liberdade artística para elaborar uma proposta de empreendimento habitacional que tirasse total proveito da natureza, integrando-o perfeitamente à paisagem. Sua construção foi iniciada em 1900, mas, após a Primeira Guerra Mundial, já se pôde notar o fracasso da obra. Em 1926 o Parque Güell tornou-se uma área pública. Hoje, ele representa parte do patrimônio da humanidade e um dos pontos turísticos mais famosos de Barcelona.

Do Parque Guell tem-se uma das vistas mais bonitas da cidade de Barcelona, e do Mar Mediterrâneo.
Do Parque Guell tem-se uma das vistas mais bonitas da cidade de Barcelona, e do Mar Mediterrâneo.

Entender e aceitar o modernismo foram um dos maiores desafios para a sociedade do início do século vinte. Poucos eram aqueles visionários que se permitiam abrir mentes e corações para o novo, para o inimaginável.  Eusebi Güell era um desses. Ele realmente acreditou que as pessoas apreciariam a ideia de morar em um local ao estilo das cidades jardim. Tanto que não poupou dinheiro e esforços na criação de um ambiente de luxo para um elegante e seleto grupo da aristocracia de Barcelona. Quando Güell percebeu que o projeto havia dado errado, resolveu abrir o parque ao público.

Mesmo após o fracasso do empreendimento comercial, o Parque Güell foi local de moradia de seu financiador Eusebi Güell e de seu criador Antoni Gaudí. Em um recinto do parque, em meio a uma bela vegetação de diferentes espécies mediterrâneas, como pinheiros e palmeiras, os visitantes podem conferir a casa do arquiteto – a Torre Rosa, atual Museu Gaudí. O local, na encosta de um monte – Montanha Pelada; é calmo e tem uma bela vista para o Mar Mediterrâneo, distante o bastante da agitação e da poluição do centro da cidade. Portanto, a melhor maneira de se direcionar ao Parque é através de ônibus ou de trem.

Atualmente, para acessar a zona central precisa-se pagar uma taxa, usada na conservação do parque.
Atualmente, para acessar a zona central precisa-se pagar uma taxa, usada na conservação do parque.
As estruturas do Parque Guell são tão incríveis que parecem brotar do chão, como árvores, mas ainda são identificáveis como elementos construídos.
As estruturas do Parque Guell são tão incríveis que parecem brotar do chão, como árvores, mas ainda são identificáveis como elementos construídos.

+ As diferentes áreas do parque

Chegando ao Parque Güell, é totalmente impossível os turistas não ficarem encantados com a beleza do local. Logo se percebe a plenitude artística e máxima relação existente entre a arquitetura e a natureza. Em Güell, Gaudí usou um vasto repertório de soluções espaciais, estruturais e de materialidade. Inspirado nas formas orgânicas do meio natural, ele criou volumes desprovidos de qualquer rigidez racional, explorando, na visualidade, um mundo de fantasias e ideias, que compartilhava com seu amigo Eusebi Güell.

Existe mais de uma entrada para o parque, mas a principal é digna de um cenário para os contos dos irmãos Grinm. Guardando o acesso ao vestíbulo, que tem quatrocentos metros quadrados, estão duas edificações bem interessantes.  Elas não simétricas, possuem cores vivas e têm chaminés em forma de cogumelo.  Ambas estavam destinadas, originalmente, para a administração do parque, mas, atualmente, servem como loja de lembranças e como parte do Museu de História de Barcelona.

À direita da escadaria fica a sala para guardar carruagens, sustentada por uma coluna central em cone invertido.
À direita da escadaria fica a sala para guardar carruagens, sustentada por uma coluna central em cone invertido.
Existem três fontes que conduzem à entrada principal da Sala Hipostila.
Existem três fontes que conduzem à entrada principal da Sala Hipostila.

A zona monumental do parque começa em uma grandiosa escadaria dupla. Ela leva à Sala Hipostila, ou Sala das Cem Colunas. Este incrível local é como um grande alpendre sustentado por colunas com capitéis em estilo dórico, muito utilizado na antiguidade clássica. Elas são revestidas em argamassa imitando mármore e trencadís – um tipo de técnica decorativa com mosaico de pedras de cerâmica, muito tradicional na Catalunha. Esta enorme câmara serviria para abrigar, eventualmente, um mercado com frutas e verduras para os moradores das habitações adjacentes. Mas antes mesmo de chegar à Hipostila, ainda no percurso da escadaria, existem três fontes coloridas. Uma delas é símbolo da cidade. Chamada de El Drac, a peça tem um formato de salamandra e lembra os seres da mitologia ou da alquimia.

Muitos dos motivos são abstratos, como ondas, círculos e arabescos. Ou são elementos figurativos como folhas, conchas e estrelas.
Muitos dos motivos são abstratos, como ondas, círculos e arabescos. Ou são elementos figurativos como folhas, conchas e estrelas.
A Sala das Cem Colinas possui, na verdade, apenas oitenta e seis.
A Sala das Cem Colinas possui, na verdade, apenas oitenta e seis.

Na zona central do parque, em um nível superior sobre a da Sala Hipostila, Gaudí fez uma praça aberta, como um teatro grego. Ela é delimitada pelo famoso ‘banco ondulante’ de desenho ergonômico, resultado de um estudo realizado pelo arquiteto sobre a melhor postura para uma pessoa sentada. Este banco também é coberto de trancadís coloridos com motivos abstratos. A vista deste ponto do parque é a mais bela de todas. Mas, para ver a cidade em trezentos e sessenta graus deve-se subir até à Colina das Três Cruzes. Neste local seria construída uma capela para os moradores do parque. Porém, hoje, só há uma pequena elevação, revestida de pedras e restos fósseis.

Muitos dos elevados foram projetados para a passagem de veículos motorizados. As colunas inclinadas servem de contrafortes.
Muitos dos elevados foram projetados para a passagem de veículos motorizados. As colunas inclinadas servem de contrafortes.

No restante do Parque Güell há muitos jardins públicos. Os visitantes precisam ter bastante fôlego e energia para aguentar o longo percurso. Mas vale a pena caminhar pelos diversos corredores sinuosos que circulam a montanha e ligam as diferentes áreas do parque.  Estas estradas estão salientes da encosta. Sua estrutura é suportada por pórticos e muros de suporte. É como uma onda do mar, só que feita com pedras rústicas extraídas do próprio local. Cada um dos viadutos foi projetado com inspiração em um estilo arquitetônico diferente e isto pode ser percebido durante o percurso. Andar pelo Parque Güell é como uma viagem a um mundo encantado. As formas inusitadas, os elementos e seu colorido, que tanto espantaram os possíveis compradores na década de 1910, são parte de um dos maiores ícones da arquitetura e paisagismo mundial de todos os tempos.

Fonte: Site do Parque GuellArch Daily