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Artista francesa colore as cidades por onde passa com origamis (e o resultado é lindo)

As paisagens urbanas podem se transformar através da arte. As ruas das cidades são como um museu ao ar livre. Não existe espaço melhor para os artistas expressarem, de forma positiva, suas emoções e ideias. E a arte de rua não precisa ser, necessariamente, associada a pichações. As instalações efêmeras, por exemplo, podem ser uma verdadeira narrativa poética do mundo em que vivemos.

A artista Mademoiselle Maurice é um desses artistas que realmente se preocupam com a profunda relação dos indivíduos e o meio que pertencem. De forma surpreendente, ela vem combinando origamis, fotografias e pinturas em suas obras. Realizando trabalhos por todo o mundo, Maurice busca inspirar as pessoas, alertando e instigando o debate sobre questões importantes, como liberdade e direitos humanos.

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(imagem extraída de Enjoy the Little Things)

+ A arte de dobrar papel

Origamis são componentes muito bonitos e delicados. Foi no oriente que essa técnica foi criada e desenvolvida, mas, hoje, é conhecida e praticada no mundo todo. Trata-se de uma variedade de dobraduras realizadas em papel e que, quando combinadas, podem gerar inúmeras formas.

No Japão, existem diversas lendas e histórias envolvendo a elaboração de peças em origami. Sadako Sasaki talvez seja a personagem mais conhecida de todas. Essa menina havia ficado muito doente após o ataque nuclear de Hiroshima, em 1945.  Antes de sua morte, ela confeccionou cerca de mil ‘guindastes’ – um tipo de origami em formato de pássaro – buscando ter seu desejo de viver concedido. Por isso, sua figura é associada a todas as vítimas inocentes de guerra e o origami tornou-se um símbolo de paz internacional.

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(imagem extraída de Made in Shoreditch)
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(imagens extraídas de Inhabitat e Visual News)

+ Mademoiselle Maurice

Essa jovem artista francesa é, na verdade, arquiteta de formação. Antes de montar seu estúdio em Paris ela viveu no Japão, onde conheceu mais profundamente a técnica do origami. Depois da passagem do tsunami no país, em 2011, ela voltou à Europa. Posteriormente, percorreu lugares como Hong Kong, Vietnã, São Francisco, Berlim e Itália, criando coloridas instalações efêmeras em praças, muros, escadas e mais.

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(imagem extraída de Enjoy the Little Things)

Mademoiselle Maurice também se inspira na história da menina Sadako Sasak. Por onde passa, ela se utiliza de símbolos, formados pelo conjunto dos origamis, para comunicar suas mensagens. Uma estrela, fazendo referência à bandeira de uma nação. Um triângulo, simbolizando uma comunidade LGBT. Círculos, refletindo os ciclos da lua e as mudanças inevitáveis da vida. E tudo isso aplicado como se fosse um grafite, só que sem pinturas.

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(imagem extraída de Mademoiselle Maurice)

+ Suas instalações artísticas

Os origamis, nas obras de Maurice, têm apenas um valor simbólico. Mas as peças bidimensionais, multicoloridas e de proporções diferentes ajudam a instigar o interesse dos observadores. Elas são dispostas de modo a formar padrões arrojados. Cada origami pode ter uma forma diferente, remetendo a temas de harmonia, paz, felicidade e união. E todas são feitas em materiais simples, a maioria recicláveis.

As obras de Mademoiselle Maurice têm duração limitada. Elas são efêmeras. Nas infinitas possibilidades de uso dessas peças em papel, a artista consegue encontrar a forma exata de transmitir as mensagens mais positivas. Elas quebram com a monotonia da vida na cidade e contrapõem a aspereza das ruas com a delicadeza das peças. Mas, depois de certo tempo, independente da grandeza da obra, todos os locais escolhidos para as instalações precisam ser limpos. E o material que ainda se mantém intacto é recolhido e guardado, para ser reutilizado depois.

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(imagem extraída de Inhabitat)

+ Lunar Cycles

Ao longo de sua recente carreira, Maurice participou de vários festivais de arte de rua, como o da cidade de Angers, na França. Mas talvez sua obra mais emblemática tenha sido em um antigo edifício de Paris. Antes de ser demolido para dar lugar a um novo empreendimento, ele foi todo pintado de preto, tornando-se pano de fundo para um belo desenho, feito pela artista em parceria com a comunidade local.

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(imagem extraída de Inhabitat)
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(imagens extraídas de Art Force e Whudat)

Os padrões geométricos, formados pelo conjunto de origamis, simbolizam as mudanças previstas para a transformação urbana.  No total, foram quinze mil pequenas figuras coloridas em forma de pássaro, espalhadas por uma área de mais de dois mil metros quadrados. Foi o maior mural urbano já criado no país, até então. E também a maneira que Mademoiselle Maurice encontrou de ajudar os moradores daquela região a enfrentarem todas essas transformações, evocando boas novas.

Fontes: Mademoiselle MauriceArch2o, Visual News, InhabitatmolempireEnjoy the Little Things.