
Arquiteto cria polêmica ao comparar os projetos de escolas com prisões. Entenda!
Como pensamos a escola hoje? Atualmente, ainda pensamos a escola do século XX, uma escola rígida, básica e de caráter unidirecional, mas, segundo Frank Locker, arquiteto e professor da Harvard GSD, a escola ignora o fato de que os alunos possuem diferentes motivações, interesses e habilidades. Ele ainda compara a escola a uma prisão e questiona o modelo da escola tradicional.
Locker tem assessorado a Secretária de Educação de Bogotá, na Colômbia, auxiliando os arquitetos no planejamento de novas escolas, para que elas possam enfrentar as constantes mudanças sociais e culturais da sociedade colombiana. Com uma grande experiência em arquitetura e escolar e em ambientes educacionais, Locker afirma que não estamos construindo escolas que incentivem uma educação integral, flexível e versátil, mas sim replicando um modelo desatualizado, o modelo espacial das prisões.

+Então, como podemos pensar as escolas no século XXI?
No mundo, os modelos educacionais vivem em constantes mudanças e transformações. Desde a Revolução Francesa e a queda do monopólio eclesiástico da educação no Antigo Regime, até o debate do conservadorismo do Paquistão (se homens e mulheres devem ser educação igualmente) e da ofensiva militar do grupo terrorista Boko Haram (que consideram a educação ocidental um pecado), todas as transformações relacionadas à educação demandam certo tempo, e seja qual for o modelo, geralmente a arquitetura é um reflexo do pensamento e modelo de educação. E quando falamos da era da informação, as pessoas esperam mudanças nos seus modelos de educação e em diferentes velocidades para diferentes populações.

+Como a arquitetura pode influenciar na criação de novos espaços educacionais?
Frank Locker, em uma entrevista para o jornal colombiano ‘El Tiempo’, disse que nos EUA muitas pessoas que projetavam escolas eram as mesmas que projetavam prisões. Em outra entrevista, disse também que muitas escolas esperam que os alunos tenham medo do professor e esse tipo de arquitetura rígida contribui para isso.
Já no século XXI, o professor deixa de ser o único dono do conhecimento. Com as novas tecnologias e a internet, o professor deve ser um guia que facilita e orienta os alunos em busca de seu próprio conhecimento. E consequentemente esse novo paradigma influencia e deve influenciar nas questões espaciais.
Para Locker, as escolas devem ser livres e permitir o conceito de comunidade. É esperado que essas escolas tenham espaços para alunos de diversas idades, que permita acontecer atividades simultâneas, onde professores e diretores possam conhecer seus alunos. Nas salas de aula as ferramentas devem incentivar a aprendizagem ativa, por exemplo, com acesso a dispositivos móveis e laboratórios de projeto.

+A escola pública: flexível, educativa e urbana.
A jornalista e historiadora Anatxu Zabalbeascoa afirma que as melhoras escolas são aquelas que foram pensadas para todos, que estabeleceram uma relação com o espaço fora da escola. Já a politóloga Judit Carrera resgata o conceito de “escola como espaço público”. Por exemplo, os finlandeses projetam espaços educacionais urbanos e políticos; para eles o projeto de uma escola é motivo de orgulho e contam com financiamento e apoio público. Mas não é porque o modelo finlandês funciona que devemos replicá-lo como verdade absoluta. Na arquitetura é preciso levar em consideração o contexto social, econômico, cultural e geográfico.
Apesar das ideias de Locker para os espaços educacionais e o modelo finlandês de sucesso, é necessário pensar o que queremos e buscamos na educação e como esses espaços podem contribuir para que esse objetivo seja alcançado.
Fonte: Archdaily