
Arte fotográfica contra o preconceito racial
Recentemente, o Ministério da Educação manifestou o apoio para as novas Diretrizes Curriculares Nacionais, que passariam a explorar também a realidade da cultura afro-brasileira ao longo da história. Esta é uma das medidas adotadas pelo governo para aumentar a visibilidade da raça negra e garantir o seu direito ao debate contra o preconceito. Por causa da colonização portuguesa, o Brasil foi o país que mais recebeu escravos no mundo, principalmente os de origem africana. Estas pessoas formaram a massa de trabalhadores da sociedade brasileira. Sua luta contra a escravatura permaneceu mesmo após a extinção do tráfico, em 1850, e a abolição, em 1888. Ainda hoje, são poucas as vozes corajosas que conseguem expor as histórias de resistências com sucesso. E um bom exemplo disso é o trabalho do artista Luiz H. Ferreira.
O jovem brasiliense, de origem humilde, admirava muito as artes desde quando criança, principalmente a fotografia. Luiz Ferreira pensava que jamais conseguiria estudar ou trabalhar na área, mas a sua fé, a sua sorte, o seu talento e a sua determinação o levaram longe. Graças a uma oficina gratuita, no qual participou – o ‘Jovem Expressão’, desenvolvido pela Rede Urbana de Ações Sócio-Culturais; Luiz viu a sua vida mudar. Atualmente, ele estuda comunicação visual, trabalha como designer gráfico e ainda realiza lindos registros fotográficos.
+ O fotógrafo no seu papel de ativista
Dentre tantos talentos perdidos ou desperdiçados da juventude negra brasileira, o fotógrafo Luiz Ferreira foi diferente, abraçando forte as suas oportunidades e indo além. Atuante como um militante em prol da devesa dos valores raciais, ele registra, em seu trabalho, a história, a cultura e a estética da população negra nas periferias do seu país.
Demonstrando ter muito orgulho de quem é Luiz tem sido um excelente exemplo para a sua geração. Ele mostra que os afrodescendentes precisam lutar sempre pela sua liberdade, como a da ditadura da beleza, que geralmente defende como ‘o belo e o natural’ apenas os padrões de beleza eurocêntricos.
Para Luiz Ferreira a estética e a política precisam estar vinculadas. Juntas, elas servem de auxílio, referência e incentivo às pessoas que precisam se afirmar e que, assim, poderão dar novos rumos história da cultura brasileira. A fotografia é a voz utilizada por Ferreira para criar personagens, mostrar lutas, representar e também ser representado. Muito diferente da realidade de violência, criminalidade e exotismo, apresentada pelas mídias, Luiz mostra um povo alegre, colorido e expressivo nas artes, estas vinculadas com a cultura africana e às inúmeras resistências contra o escravismo e o preconceito. Em seus ensaios fotográficos podem-se ver belos exemplos de homens e mulheres que amam a sua cor e não desejam negar jamais a sua ancestralidade.
+ Seu trabalho em destaque
O reconhecimento do trabalho realizado pelo fotógrafo Luiz Ferreira começou pelas redes sociais. Depois que suas imagens tornaram-se populares na internet, Luiz foi destaque em algumas reportagens importantes, como a do blog americano AfroPunk e do site brasileiro G1, da Rede Globo. Nas matérias pode-se ver o resultado de dois bons trabalhos do artista.
O primeiro é o projeto ‘Juventude negra: sobre afetos, histórias, vivências’, que mostra retratos de pessoas que moram nas periferias. A proposta era que todos pudessem entender ou se identificar com as suas diferentes histórias de luta. As fotos foram tiradas no Mercado Sul, um local de ocupação cultural em pleno Distrito Federal. Já o segundo trabalho é a campanha ‘Jovem Negro Vivo’, que alerta para a porcentagem de assassinatos resultantes do preconceito e da associação de estereótipos negativos em relação à raça. Ambos os trabalhos foram realizados sem fins lucrativos.