
Arquitetura parasita: entenda o conceito que é bem mais legal do que o nome sugere
Com a biologia, aprende-se que parasita é todo ser vivo, como um vírus, que precisa de outro ser vivo para crescer, sobreviver e se multiplicar. Ao mesmo tempo, ele acaba causando danos enormes – alguns irreversíveis – ao seu hospedeiro. Na arquitetura, contudo, isso é diferente: não há danos. Apesar de a definição soar um pouco desagradável, a construção parasita é algo bom. Ela surge como uma provocação, estimulando as pessoas a buscarem soluções para o acesso à habitação nas grandes cidades.
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As respostas arquitetônicas ao aumento populacional nas áreas urbanas tem sido as piores – a verticalização excessiva é só uma delas. Quase não há espaço para abrigar as pessoas. Portanto, tornou-se um desafio para os projetistas criar moradias de boa qualidade a preços acessíveis, sem excluir ninguém, nem mesmo os migrantes. Como um jeito de chamar a atenção para o problema, a arquitetura parasita é uma tendência que tem ganhado espaço ao redor do mundo e gerado discussões.
“O parasita ativa a batalha entre as pessoas que apoiam a transformação (portanto, o parasita) e as pessoas que querem manter a cidade como está” – arquitetos Merel Pit, Karel Steller e Gerjan Streng , em reportagem de Obra24horas.


+ O que é a arquitetura parasita?
A idade contemporânea é cheia de regras – algumas sutis, outras bem agressivas – que regem como as pessoas devem viver suas vidas. Elas dizem como não invadir o espaço alheio, como não bloquear o espaço da calçada, como priorizar o parcelamento do solo para quem tem mais dinheiro, como dar mais espaço aos veículos antes de pedestres e ciclistas, entre outros. Pois a arquitetura parasita traz uma nova perspectiva para as cidades. É um jeito inovador e criativo de vivenciar essas e outras experiências. É um tipo de intervenção – fixa ou temporária – que muda as formas construídas existentes.


Não tem nada a ver com um puxadinho qualquer. Assim como os parasitas vivos, que se fixam em árvores ou animais – condicionando sua própria existência a outro – essas arquiteturas são anexadas lindamente a infraestruturas e construções já existentes, tornando-se parte integrante das cidades. Sua forma e estrutura exploradoras se diferenciam das dos hospedeiros. Podem ser lojas, escritórios ou moradias, não importa. Sempre se aproveitarão de espaços não produtivos, vagos, em prol de uma melhor economia e da sustentabilidade das comunidades.


+ Os benefícios das arquiteturas parasitas
As arquiteturas parasitas não só chamam a atenção para a falta de espaço livre nas grandes cidades, como propõem uma brincadeira divertida, de achar espaços livres, menos óbvios ou menos célebres, para novas construções. E se tratando de regiões tão densamente povoadas, essa é uma excelente solução urbana. Claro que elas podem surgir apenas como uma proposição artística, mas, de todo modo, já provoca a reflexão.
Como reaproveitar, de forma criativa, inovadora e sustentável, espaços subutilizados ou abandonados nas cidades?
Como redefinir esses espaços, potencializando ou requalificando seus usos e ocupações?

Pode ser um choque para os sistemas urbanos, mas as arquiteturas parasitas funcionam, sim. Elas parecem corpos estranhos dentro de malha urbana. Só que ninguém pode negar que têm potencial incrivelmente transformador. Acredita-se que aqueles proprietários que cederem seu espaço predial – seja uma parede, pilastra, terraço ou outro mais – terão em troca melhorias em seus imóveis. Se forem construídas residências, essas poderão ser vendidas a um valor bem mais baixo do que do mercado, pois não haveria custos com loteamentos. E as unidades ainda poderiam ser mais facilmente expandidas de acordo com a com a necessidade de cada morador. Enfim, só benefícios.

Fontes: Gazeta do Povo, Nexo Jornal, Wikihaus.
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