
Arquitetura para idosos: como adaptar as residências e prevenir acidentes
Taiuani Marquine Raymundo, professora do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná, em entrevista à Gazeta do Povo, resumiu sabiamente: “a casa deve se adaptar ao indivíduo, e não o contrário”.
Quando um bebezinho está prestes a nascer, é normal sua família adaptar a maior parte dos ambientes da casa de modo a garantir um crescimento mais seguro e saudável para a criança. Mas e quando se é idoso? Pensar na casa, a longo prazo, também é bastante positivo. Muitas pessoas acabam vivendo num mesmo endereço por décadas. Só que quando chega à terceira idade se esquecem de que devem fazer algumas adaptações. Esses cuidados são necessários para aumentar seu conforto, facilitar sua rotina e garantir sua autonomia.
Não adianta fingir que não acontece! Para todos que tiverem sorte, a velhice chegará!

+ A limitação que a idade traz
Qualquer residência é repleta de armadilhas perigosas para o ser humano. Diversas pesquisas científicas já revelaram que a maior parte dos acidentes domésticos é sofrida por indivíduos acima de sessenta anos de idade. Assustadoramente, cerca de um quinto dessas vítimas acaba morrendo em menos de um ano. Isso acontece porque fraturas graves, como a de fêmur, obrigam essas pessoas a ficar um longo período de cama, comprometendo ainda mais seus sistemas físicos, como o pulmonar, desencadeando uma descompensação irreversível do seu quadro clínico.
Estima-se que, em 2025, aproximadamente um quarto da população brasileira será de idosos. De acordo com os novos modelos de economia e tecnologia, principalmente na área da medicina, cada vez mais essas pessoas morarão sozinhas por mais tempo. Contudo, muitas fragilidades, ligadas a este período da vida, permanecerão, como a fraqueza muscular, a diminuição dos reflexos e a perda de força física, de visão e de audição. Infelizmente, uma das consequências relacionadas a estes fatores são as quedas. Por isto é tão importante adaptar a casa para a terceira idade também.
O vídeo a seguir conta, de forma bem humorada, como é a rotina de um idoso e os riscos que ele corre em sua própria residência:
+ Casa segura também para os idosos
Em tese, qualquer residência pode ser adaptada. Claro que esta tarefa é mais bem executada com o auxílio de profissionais especializados, como os arquitetos. Mas, qualquer alteração quando bem feita, mesmo depois da fase de projeto, visando acessibilidade e segurança, ainda trará bons resultados. Adaptações são mais uma questão de cuidado do que de dinheiro. Então, quem tem menos recursos pode começar com mudanças mais simples. E, no final, dependendo de como tudo foi feito, ainda se poderá tentar aliar segurança com beleza.
Veja a seguir algumas dicas sobre itens que podem facilmente ser alterados em sua casa – e sem gastar muito – para receber um morador da terceira idade.

+ Cores, revestimentos e iluminação
Para que o idoso possa identificar melhor todos os elementos decorativos e arquitetônicos a sua volta, é interessante compor um ambiente com contraste de cores entre pisos – de preferência antiderrapantes; paredes, móveis e peças maiores, como assentos e tapetes – sempre presos ao chão com fitas colantes ou ventosas. Também é importante reforçar a iluminação em pontos estratégicos, como junto aos degraus. Luminárias com sensores, que possam acender automaticamente durante a noite, poderiam orientar o idoso em seu percurso até o banheiro, por exemplo.
+ Móveis e objetos decorativos
Em ambientes habitados por idosos, deve-se, preferencialmente, retirar todos os móveis, objetos decorativos e outros apetrechos desnecessários que possam vir a obstruir caminhos e causar acidentes. A composição desses interiores tem que ser o mais simples possível. Uma atenção especial aos itens de tecido. Mantas e cortinas não podem arrastar no chão, pois é um risco a mais para quedas. Se for preciso ter tapetes, o ideal é que eles sejam bem fixados ao chão e de cerdas curtas.
Sobre os móveis, o ideal é que todas as quinas sejam arredondadas ou que recebam alguma proteção. É importante que as peças sejam bem firmes; feitas em materiais resistentes – evitar os vidros, espelhos e plásticos; e fixadas ao chão ou parede para que, numa eventualidade, possam servir de apoio. Elas não devem ser nem muito altas e nem muito baixas. Recomenda-se, por exemplo, que as camas tenham uma altura que permita com que o idoso sente e coloque o pé no chão, formando com as pernas um ângulo de noventa graus.

+ Banheiros e lavabos
O banheiro é o ambiente que oferece o maior risco aos idosos. A umidade, os revestimentos escorregadios, as louças frágeis e os metais de difícil manuseio podem ser obstáculos para a realização das mais simples tarefas de higiene, tão necessárias no dia-a-dia. É interessante fazer a elevação da bacia sanitária com um adaptador de assento – um acessório facilmente encontrado em lojas especializadas de produtos médicos – que ajuda o idoso a utilizar o banheiro sem maiores dificuldades. Dentro do box do chuveiro, um banquinho pode facilitar a hora do banho. Todos os demais elementos devem ter distância mínima entre eles e sistemas de abertura que permitam a locomoção do usuário com um andador ou de cadeira de rodas, se necessário.


+ Outros
Para os idosos, outra coisa que compromete a realização das tarefas é a perda, significativa, da visão com o passar dos anos. Por isso, a instalação de aparelhos específicos nas moradias, como os sinalizadores luminosos, acaba sendo um bom investimento. Construir aberturas mais amplas e utilizar cortinas claras também ajuda, pois permite a entrada mais abundante da luz natural. Para evitar outros acidentes, é necessária a eliminação de desníveis, a substituir de escadas por rampas e a instalação de corrimãos e barras de segurança, principalmente em percursos extensos e perto de bacias sanitárias. Misturadores, torneiras, registros e puxadores de portas, se possível, devem ser substituídos por modelos do tipo alavanca, porque demandam menos força na empunhadura.
Fontes: UOL, O Estadão, Vai com Tudo, Gazeta do Povo, Casa Adaptada.
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