
Arquitetura hospitalar: As estratégias para promoção da saúde no Brasil
A arquitetura hospitalar é um conceito que está em alta no mercado. Ele envolve um grande número de instalações e serviços. E cada projeto apresenta especificidades muito particulares. Talvez por isso, infelizmente, sejam poucos os profissionais ou escritórios especializados na área. Mesmo assim, nota-se que, nos últimos anos, houve uma evolução quanto a esse modelo de edificação. Ele está mais útil, funcional e sustentável. No Brasil, a explicação para isso é a maior participação de profissionais experientes no planejamento e promoção da saúde.

+ A evolução da arquitetura hospitalar
Nos anos sessenta, as estruturas hospitalares apresentavam um visual mais frio, impessoal. A ideia era demonstrar o máximo de higiene e tecnologia que as empresas dispunham para tratar os enfermos. Só que o efeito não atingia, exatamente, o objetivo esperado. Atentos a isso, os arquitetos mudaram sua estratégia e passaram a estudar outras formas de proporcionar mais conforto, inclusive para os profissionais da saúde.
“Hospital é uma obra aberta, para poder incorporar os vertiginosos progressos da medicina.” – arquiteto Jarbas Karman, em reportagem de Arcoweb.
A solução estava na colaboração. Assim como a medicina avançava no tratamento de doenças, a arquitetura também descobria como contribuir para a ciência. Através de projetos holísticos, bem integrados às engenharias e a outras áreas de conhecimento, como a biologia, obteve-se um resultado mais positivo. Agora, já é possível fazer um paralelo dessa arte com o processo de cura de um paciente.


+ A nova arquitetura hospitalar
Atualmente, a arquitetura hospitalar reflete melhor uma série de questões. Primeiro a questão da relação da própria obra com seu contexto urbano e social. Sua aparência não deve agredir aos olhos, ela precisa estar de acordo com o entorno imediato. Também suas proporções não podem ficar engessadas numa medida restrita. Elas devem permitir que, num futuro distante, se aumentem as atividades, se expandam os ambientes, e o edifício atinja um novo porte, uma nova complexidade. A dimensão do terreno é o aspecto decisivo. Quanto maior, melhor para englobar as etapas de expansão previstas.


Um hospital pode ser classificado de diferentes maneiras. Ele pode ser considerado geral ou especializado, horizontal ou vertical, público ou privado, com ou sem fins lucrativos. Pode ser pequeno, com cinquenta leitos; médio, de cinquenta a cento e cinquenta leitos; grande, de cento e cinquenta a quatrocentos leitos; ou especial, acima de quatrocentos.

+ Conhecendo o programa de necessidades
O programa de necessidades de um projeto hospital é algo complexo. Ele contempla muitas funções, setorizações de fluxos, acessos e mais. Não é algo que possa ser compreendido tão facilmente por qualquer um, mesmo que seja um arquiteto. Por isso, para se planejar e implantar um edifício assim é fundamental a participação de profissionais de diversas áreas. Do contrário, os desenhos poderiam acabar como uma simples cópia de um livro.


“Não é possível iniciar a elaboração do programa físico sem dispor desse conhecimento, obtido pela interação com os interlocutores do projeto, como dirigentes hospitalares, médicos, enfermeiros, nutricionistas e os demais profissionais envolvidos.”
“Criar ambientes de saúde eficientes requer conhecimento, vivência e envolvimento profundo com a área. Não é apenas a aparência do local que conta.”
– arquiteto João Carlos Bross e arquiteto Marcos Cardone, em reportagem de Arcoweb.

Há muito para se entender. Como fazer as instalações de luz, água, esgoto, ar-condicionado e fluidos mecânicos; como dividir os setores de consulta, espera e atendimento; como armazenar materiais técnicos e produtos de limpeza; como realizar a acessibilidade e mais. E o primeiro passo é dialogar com aqueles que vivenciam diariamente a rotina de maternidades, UTIs, salas de cirurgia, pronto-socorro, e outros. Além disso, há algumas outras fontes de consulta confiáveis que podem orientar quanto ao funcionamento desses espaços de saúde.
+ Leis e normas
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária trata, na norma RDC 50/ 2002, do planejamento, programação, elaboração e avaliação de estruturas físicas de serviço de saúde, incluindo hospitais e clínicas. Outras peculiaridades, como a instalação de aparelhos de raio X, ficam por conta das portarias. Um exemplo é a portaria 453 da Anvisa ou a portaria 1 884/94 do Ministério da Saúde.

+ Particularidades dos projetos de arquitetura hospitalar
O profissional que estiver desenvolvendo o projeto arquitetônico de um hospital ou de outro espaço de saúde deve estar atento a certas questões importantes. O fluxo de pessoas precisa ser equacionado de modo a facilitar o atendimento e locomoção de pacientes e funcionários. Equipamentos como rampas, plataformas elevatórias, monta-cargas e elevadores são previstos, principalmente em função da acessibilidade de pessoas com alguma dificuldade motora. E todas as alas que possam transmitir infecções são bloqueadas.


Para os pisos, o indicado são aqueles revestimentos mais resistentes, que possam ser limpos com facilidade. Podem-se usar mantas vinílicas, emborrachados, linóleos, cerâmicos e porcelanatos. E nas paredes, as tintas à base de água. Claro que essas escolhas vão depender das características específicas de cada setor.
Não pode faltar também muita cor, luz e ventilação. Renovar constantemente o ar ajuda no combate às doenças. Ambientes claros e alegres influenciam no equilíbrio fisiológico e psicológico dos pacientes. Objetos decorativos humanizam as áreas, promovendo a sensação de bem-estar e melhorando o processo de cura.
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+ Ambientes mais agradáveis aos pacientes
A experiência da nova arquitetura hospitalar traz a união entre tecnologia e conhecimentos de arquitetos, engenheiros, médicos, enfermeiros e outros profissionais. Isso acaba resultando em ambientes mais clínicos, assépticos e agradáveis a pacientes, familiares, funcionários e colaboradores. No final, cada área parece melhor aproveitada, funcional; e devidamente bem iluminada, ventilada e decorada. Os postos de trabalhos são mais ergonômicos e os acessos aos leitos mais fáceis. Tudo isso deixa o assistência mais ágil, beneficiando a todos.


“O objetivo deve ser o de criar espaços saudáveis, que tragam sensação de bem-estar e proporcionem boa relação entre o ser humano e o meio.” – médico e arquiteto Domingos Fiorentini, em reportagem de Arcoweb.
Clínica Dr Leandro Pellarin Cirurgia Plástica, projeto de Betty Birger Arquitetura. (imagem extraída de Betty Birger)
+ Bônus
São exemplos de escritórios especializados em arquitetura hospitalar no Brasil a Karman Arquitetura e Organização e a Zanettini Arquitetura. Ambas tê cerca de cinquenta anos de experiência. A primeira já realizou mais de quatrocentos projetos na área, tanto em território nacional quanto no exterior. Já a segunda, coordenada pelo premiado arquiteto Siegbert Zanettini, é responsável por construções como São Camilo Pompeia e São Luiz Anália Franco, em São Paulo.
Imagem de capa: Centro Clínico Mãe de Deus, projeto de Cassiano Arquitetos – imagem extraída de Cassiano. | Fontes: Arcoweb, Galeria da Arquitetura, AU, AEC Web, Portal Hospitais Brasil, Instituto Laborare.
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