O Palácio de Versalhes, ou Château de Versailles, é o castelo mais conhecido do mundo. Localizado na França, foi residência de Louis XIV entre os anos de 1682 e 1789. Durante este período, passou por um ‘programa de embelezamento e expansão’, tanto na parte da edificação quanto nas áreas verdes. Todo o complexo é, hoje, um dos lugares mais visitados pelos turistas e está aos cuidados de uma entidade pública autônoma, operada pelo Ministério da Cultura francês. Só os Jardins de Versalhes ocupam cerca de oitocentos hectares de terra, cercados por florestas, áreas urbanas e vida selvagem protegida. Em 1979 foram considerados pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – como parte do patrimônio mundial.

Dentre os profissionais de maior confiança do rei Louis XIV estava o arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun e o paisagista e jardineiro André Le Nôtre. Este último é considerado como um dos melhores paisagistas que já existiu. Representante do estilo barroco, Le Nôtre foi responsável pelo aperfeiçoamento do jardim tipo ‘formal francês’. Incentivado principalmente por seu rei, André Le Nôtre construía áreas muito bem planejadas e simetricamente perfeitas.

Inspirado nas geometrias dos projetos classicistas, o paisagista demostrava, em canteiros bem delimitados, arbustos podados e flores e folhagens em vasos; as tentativas incessantes do homem pela dominação da natureza. Mesmo os que se opunham à sua ordenação excessiva admitiam que o jardim em estilo francês de Le Nôtre destacava as belas construções de Versalhes.

Não foi por acaso que Le Nôtre foi escolhido como o projetista para o Parque do Palácio de Versalhes. Sua família já trabalhava na mesma área profissional nos reinados anteriores à Louis XIV. André, além de amigo da realeza, foi aprendiz do artista Simon Vouet e do arquiteto François Mansart, com quem aprendeu os segredos da arte clássica e da perspectiva. Também participou dos projetos para os jardins de Chantilly, de Fontainebleau, de Saint-Cloud e de Saint-Germain. Mas sua maior contribuição, antes de Versalhes, foi para o ‘Plano da Cidade de Versalhes’, onde ele propôs a maior avenida já vista na Europa até então, irradiando do castelo.

Parte da história de André Le Nôtre em Versalhes foi contada através do filme ‘The Little Chaos’, de 2014. A personagem principal e fictícia, interpretada pela atriz inglesa Kate Winslet – a mesma do filme ‘Titanic’; questiona as ideias do paisagista e propõe um olhar mais naturalista para seu projeto. No filme, mestre e jardineira planejam uma das áreas do parque destinada a ser um salão de bailes ao ar livre. Mas isto não é apenas estória. Na vida real, Le Nôtre realmente construiu, em meio à mata fechada, o belíssimo Bosquet de la Salle-de-Bal, em Versalhes, no ano de 1685.

O Bosquet de la Salle-de-Bal localiza-se no sudoeste dos jardins do castelo. Sua forma é elíptica e possui três entradas. Como um anfiteatro, existem arquibancadas cobertas com grama ao redor de um espaço central. Em um terço da área há uma grande cascata, formada por chafarizes com água saindo em pequenos fios de cobre, que intensificam ainda mais o efeito do seu som. Adornando-a há esculturas, vasos e candelabros em chumbo dourado.

Até o ano de 1707 existia, no Salle-de-Bal, uma espécie de ilha ovalada em mármore, delimitada por um canal com água, onde eram realizadas as apresentações de dança em homenagem ao ‘Rei Sol’ – como Louis XIV se auto intitulava. Mas o bosque também é conhecido como Bosquet des Rocailles, ou Bosque das Sementes. Este apelido vem da cobertura em cascalhos e conchas trazidas do litoral africano diretamente para este local. O Bosquet de la Salle-de-Bal foi uma das grandes obras de André Le Nôtre e a última coisa a ser finalizada em Versalhes antes de Louis XIV ir morar com sua família neste castelo, permanecendo até 1789, quando todos foram forçados à voltar para a capital francesa.

Fontes: Site Andre le Notre, Chateau Versailles, Versailles Passion, Wikipedia.