
Aldeia indiana planta 111 árvores para cada menina nascida
Há quase dez anos, uma pequena aldeia indiana decidiu iniciar uma tradição que continua até os dias de hoje: plantar 111 árvores a cada nascimento de bebês do sexo feminino. Ao longo desse anos, já foram plantadas mais de 286 mil árvores em Piplantri, no Rajastão.
Tudo começou com um pacote de medidas criadas pelo governo, com a meta de diminuir a quantidade de abortos de bebês meninas, que acontecia por causa de dogmas religiosos que tornam a mulher um “fardo” para determinadas famílias (na Índia, o casamento é uma proposta cara). Felizmente, a iniciativa conseguiu reduzir os abortos na aldeia de Piplantri.
Embora a medida não seja obrigatória desde 2010, muitas famílias adotam a tradição até os dias atuais. Um dos moradores da aldeia, pai de uma menina, plantou as 111 árvores quando a filha nasceu e afirma que continuará plantando uma árvore cada vez que ela fizer aniversário.

A tradição, implementada em 2006, funciona da seguinte maneira: a família se compromete a plantar as árvores logo após o nascimento da menina, devendo cuidar das mudas até que amadureçam. A iniciativa busca a valorização da mulher, passando pela infância e a juventude.
Além do cuidado com as plantas, os pais devem assinar uma declaração que garante às filhas se casarem apenas depois dos 18 anos de idade, recebendo em troca uma ajuda financeira feita pelo governo, em auxílio ao futuro das meninas. Cada família recebe 31 mil rúpias (equivalente a R$ 1.600), sendo que dois terços desse valor vem de doações dos aldeões – o restante é oferecido pelo governo.
O costume tem inspirado outras aldeias indianas. Além de garantir o direito das mulheres, especialmente em um país no qual a violência de gênero obriga a adoção de medidas que visem à sua proteção, a tradição da aldeia ajuda o meio ambiente, tornando a região mais verde e sustentável.