
A revitalização integradora do centro de São Paulo
Nas áreas centrais da cidade de São Paulo, assim como em muitas outras capitais do País, encontramos edifícios abandonados ou ocupados por moradores sem teto. Isto é o reflexo da falta de planejamento, em longo prazo, por parte dos governantes. O combate contra o déficit de moradias deve ser um dos maiores desafios do Brasil nos próximos anos. Muitos são a favor da demolição destes prédios. Outros preferem que os mesmos sejam destinados ao uso público. E há aqueles que defendem sua reforma e adaptação para moradia popular.
Não é uma decisão fácil. A maioria das unidades é das décadas de 1940 e 1950 e não possuem plantas baixas e nem a segurança que são exigidas hoje. Adaptá-los, portanto, poderia custar muito caro. Mas, em contrapartida, eles não apresentam problemas estruturais, podendo ser uma alternativa útil para a reabilitação urbana das metrópoles brasileiras.
Alguns projetos de empreendimentos habitacionais populares estão sendo desenvolvidos na capital paulistana. O ‘Renova Centro’, por exemplo, é um programa de requalificação onde a prefeitura toma imóveis abandados ou sem uso, que já foram devidamente desapropriados; e os destinam para moradia acessível às famílias de baixa renda. A iniciativa é realizada em parceria com cooperativas, associações e entidades privadas, sem fins lucrativos. A ideia principal é integrar a cidade, a nível social, combinando moradores de rendas diferentes em uma mesma localidade e estimulando a vida cultural, a segurança e a preservação do patrimônio no centro da cidade.
+ Conjunto Habitacional Conselheiro Crispiniano
Este edifício, que foi abandonado ainda no início dos anos noventa, após ter sido utilizado por vários institutos de previdência já extintos, passou por um processo intenso de recuperação. Representa, hoje, um projeto residencial de referência. Este empreendimento foi realizado pela Secretaria de Estado da Habitação em parceria com a Unificação das Lutas de Cortiços e Moradia (ULCM) através do programa ‘Minha Casa Minha Vida’, na modalidade entidades. Inaugurado em junho de 2016, tornou-se um local digno para setenta e duas famílias. São treze andares divididos em unidades de, em média, trinta a cinquenta metros quadrados.

+ Palacete dos Artistas
O imóvel abandonado do antigo Hotel Cineasta, que foi inaugurado em 1910, em São Paulo, passou por uma invasão e um processo de desapropriação, mais recentemente. Um projeto realizado pelo Governo Federal, por meio do Programa Especial de Habitação Popular (PEHP), visou a habitação, a cultura e a requalificação do centro da cidade. Em dezembro de 2014, o conhecido prédio da Avenida São João tornou-se uma moradia popular para cinquentas artistas, com mais de sessenta anos e renda de até três salários mínimos. São pessoas que pertencem a entidades como o Sindicato dos Artistas, a Cooperativa Paulista de Teatro e o Movimento de Moradia dos Artistas e Técnicos.

+ Edifícios Ipiranga e Prestes Maia
Ambos os prédios estavam abandonados há quatro e trinta anos, respectivamente. O primeiro, o Ipiranga, foi usado anteriormente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRT), mas estava desativado. O segundo, o Prestes Maia, tinha seu Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) não pago há trinta anos. Nesta última década, seus ambientes vazios se tornam moradias populares.
Para se ter uma ideia, só o Edifício Ipiranga passou a beneficiar desde 2014 cento e vinte famílias de baixa renda. Suas unidades habitacionais têm entre vinte e cinco e sessenta e três metros quadrados. Já o Edifício Prestes Maia, com vinte e dois andares, foi a segunda maior ocupação vertical da América. Ele passará a abrigar, então, justamente as famílias que já o ocupavam, desde 2010. Para continuar a viver nos imóveis, os moradores precisam passar pelo programa Minha Casa Minha Vida.

+ Edifício São Manuel
Este imóvel, construído em 1939, foi fechado em 2009, mas se transformou em um espaço social muito diferenciado. Considerado como um tipo de ‘laboratório social’, foi ocupado em 2012. Dentro da edificação funciona uma creche, uma sala de cinema, uma biblioteca e uma cozinha coletiva. Moram neste prédio imigrantes, sem-teto, garotas de programas, estudantes e intelectuais da Universidade de São Paulo (USP). Este condomínio, quase autossustentável, é o local mais digno que estas pessoas encontraram para estar perto de suas escolas e locais de trabalho. O objetivo delas é forçar o governo a transformar o São Manuel, oficialmente, em área de interesse social.

Fontes: Folha, Prefeitura de São Paulo, Portal Brasil, Archdaily.